5 filmes “mindfuck” que valem a pena

5 filmes “mindfuck” que valem a pena

Você já assistiu a um filme difícil de entender e que te deixou pensando e refletindo a semana toda? Caso você não saiba, esses filmes são chamados de mindfuck. São filmes confusos, que exigem muita atenção e uma possível interpretação pessoal do espectador. É o conhecido tipo de filme amado e odiado – raramente encontramos um meio termo nessas obras, normalmente o público ama ou odeia. Como estou escrevendo esse artigo/lista, não preciso nem dizer o que eu acho sobre essas lindas produções, não é?

Vale lembrar que mindfuck não é um gênero, mas sim uma característica presente em filmes de qualquer gênero (normalmente suspense ou drama), que busca arrancar esforços do espectador para compreender a história – seja trabalhando sua linearidade e até acontecimentos absurdos que podem nos parecer sem pé nem cabeça.

Nessa lista, como dito no título, irei citar cinco filmes do estilo que valem a pena ser conferidos, porém, se você já é um fã de mindfucks, espero que compreenda que vários ótimos filmes ficarão de fora. Me atentarei às obras mais conhecidas, e por fim citarei um não tão conhecido, mas que na realidade é o meu favorito da lista. Para você que odeia esse tipo de filme, peço que considere novamente a qualidade deste estilo que, diferente de outros, precisa ser assistido em momentos corretos, com disposição e vontade. Dê uma chance para esses filmes, pois assim como podem te forçar a parar logo no começo, podem também te surpreender!

Ilha do Medo / Shutter Island (2010)

Comecemos com esta bela obra dirigida por Martin Scorsese, ambientada no ano de 1954. Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) investiga o desaparecimento de um paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em Boston. No local, ele descobre que os médicos realizam experiências radicais com os pacientes, envolvendo métodos ilegais e anti-éticos. Teddy tenta buscar mais informações, mas enfrenta a resistência dos médicos em lhe fornecer os arquivos que possam permitir que o caso seja aberto. Quando um furacão deixa a ilha sem comunicação, diversos prisioneiros conseguem escapar e tornam a situação ainda mais perigosa.

Como de costume nos filmes mindfuck, a sinopse aparenta ser simples e de fácil absorção, mas quando isso se aplica a elaboração do roteiro e aos meios audiovisuais, nem tudo o que você imagina se concretiza. Assim como outros mindfucks, Ilha do Medo se apropria de um artifício bem conhecido chamado plot twist, que nada mais é do que uma virada inesperada na história, proporcionando uma visão bem diferente do filme.

Donnie Darko (2001)

Quando se fala em filme difíceis de entender, o primeiro que nos vem a cabeça é esse filme cult que conta a complexa história de um jovem brilhante e excêntrico chamado Donnie (Jake Gyllenhaal), que cursa o colegial mas despreza a grande maioria dos seus colegas de escola. Donnie tem visões, em especial de um coelho monstruoso o qual apenas ele consegue ver, que o encorajam a realizar brincadeiras destrutivas e humilhantes com quem o cerca. Até que um dia uma de suas visões o atrai para fora de casa e lhe diz que o mundo acabará dentro de um mês.

A princípio, a história parece um simples entretenimento, mas aos poucos começa a tomar a forma de um suspense dramático impressionante, confuso e misterioso. O elenco e a trilha sonora são ótimos, e há quem diga que o filme só pode ser completamente compreendido através da versão do diretor (director’s cut), em que são inseridas imagens de um livro que explica os acontecimentos do filme. Para quem gosta de refletir e decifrar histórias, Donnie Darko é um prato cheio.

A Origem / Inception (2010)

Escrever, dirigir e editar um filme mindfuck ja é bem complicado, agora imagine quando isso se junta a um dos mais intrigantes aspectos de nossas vidas: os sonhos. Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é o melhor naquilo que faz: roubar valiosos segredos do subconsciente das pessoas enquanto suas mentes se encontram vulneráveis quando sonham. Esta habilidade fez dele um colaborar cobiçado no mundo da espionagem industrial, mas também o transformou em um fugitivo e cobrou dele um alto preço. Agora, ele pode conseguir uma segunda chance se realizar algo aparentemente impossível: a princípio, plantar uma ideia na mente de uma pessoa é melhor do que roubá-la.

Sim, pela segunda vez DiCaprio aparece na lista, e sim, o ator protagonizou dois mindfucks no mesmo ano. O elenco estelar, a trilha sonora de Hans Zimmer e a direção do incrível e enigmático Christopher Nolan trabalham juntos em um dos melhores filmes do século XXI. Essa grande produção brinca com várias camadas de sonhos de uma maneira inteligente.

Amnésia / Memento (2000)

Embora hoje Nolan seja conhecido por ter dirigido filmes como a trilogia de Batman, Interestelar, e até o já citado Inception, sua primeira obra-prima, e mais engenhosa na opinião de muitos (inclusive eu), é Amnésia. Um ladrão ataca um casal, terminando por matar a mulher e deixando o homem à beira da morte. Porém, ele sobrevive e, a partir de então, passa a sofrer de uma doença que o impede de gravar na memória fatos recentes, o que faz com que ele esqueça por completo algo que acontece poucos instantes antes. Após descobrir isso, ele parte em uma jornada pessoal a fim de descobrir o assassino de sua mulher para poder vingá-la.

Sinopse meio clichê, não? Seria, se o filme todo não fosse contado de trás para frente! Esta simples mudança complica tudo e força o expectador a trabalhar seu raciocínio de maneira não-linear. Não apenas isso, o filme é mais um daqueles com um plot twist detonador… Além de que toda condução da história é bem interessante. Recomendo a todos seres pensantes que gostam de se ver diante de um quebra-cabeças muito bem construído.

A Passagem / Stay (2005)

Não poderia deixar de finalizar com o meu filme mindfuck favorito. Confesso que os outros quatro nomes da lista são xodós dos cinéfilos de maneira geral, mas venho aqui cumprir a obrigação de indicar uma obra-prima que não é nem um pouco conhecida e muito menos comentada. Sam Foster (Ewan McGregor) é um psicólogo que trabalha em uma prestigiosa universidade americana. Certo dia, um de seus jovens pacientes o procura para dizer que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias que se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente e impedir o suicídio de todas as maneiras, mas acaba se envolvendo numa misteriosa jornada.

O filme é confuso do começo ao fim, indecifrável até os últimos minutos, em que nos deparamos com a realidade que é arremessada em nossa direção. A direção peculiar, o roteiro arriscado e principalmente a montagem singular fazem desse filme um mindfuck completo, pronto para te impressionar.

João Pedro Accinelli

Amante do cinema desde a infância, encontrou sua paixão pelo horror durante a adolescência e até hoje se considera um aventureiro dos subgêneros. Formado em Cinema e Audiovisual, é idealizador do CurtaBR e co-fundador da 2Copos Produções. Redator do Cinematecando desde 2016, e do RdM desde 2019.

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