Crítica: Baywatch

Crítica: Baywatch

Vou começar essa crítica com um pequeno aviso que já resume tudo: não leve a sério. Apenas. Não. Leve. Nem Baywatch, nem Zac Efron, nem The Rock. Se você que está lendo esse texto gosta de filmes comédia pastelão que seguem vários clichês que já sabemos de cor e salteado, saiba que eu também gosto e me diverti bastante (mais do que eu imaginava) assistindo a Baywatch. Mas, se você faz parte daquele time de pessoas que até topa encarar este tipo de comédia, porém se incomoda imensamente com os furos de roteiro e piadas excessivas, melhor parar por aqui e nem perder seu tempo indo ao cinema. Espere o filme chegar às plataformas on demand e caso resolvido!

Vamos lá…

Baywatch é um filme originado de S.O.S. Malibu, série dos anos 90 protagonizada por David Hasselhoff que fez muito sucesso pelas inúmeras tomadas em câmera lenta de pessoas bonitas correndo na praia – basicamente, é só isso. Ah, e não vamos nos esquecer de Pamela Anderson, é claro. Dirigido por Seth Gordon (do ótimo Quero Matar Meu Chefe), o longa contou com seis pessoas para escrever o argumento e roteiro, o que já diz muito sobre as imperfeições e tropeços que a história possui.

Bem irregular e nonsense, a trama centra-se no personagem Mitch Buchannon (Dwayne Johnson, ou The Rock) e no time de salva-vidas que cuida de uma praia em Malibu com a maior dedicação – tanta dedicação que eles se veem obrigados a fazer justiça com as próprias mãos assim que percebem uma ameaça se aproximando. De dia, eles cuidam da praia, e à noite, Mitch e a turma se aventuram em missões que mais parecem uma sátira de vários filmes de espionagem. A vilã da vez é Victoria Leeds (Priyanka Chopra), que é a síntese de todos os clichês imagináveis: traficante de drogas, milionária, só quer saber de fazer mais dinheiro e é o mais caricata possível. Além disso, temos o personagem de Zac Efron, um medalhista olímpico que é extremamente egoísta, metido e evita ao máximo ajudar sua equipe na “missão impossível” fora da areia. Aos poucos, a equipe vai se entrosando cada vez mais e é nesse ponto que tudo fica mais divertido.

Baywatch nada mais é que o fruto de uma das ideias mais utilizadas em Hollywood nos últimos anos: remakes. O filme se originou daquelas cenas em slow motion que tanto marcaram os anos 90, e só o que foi preciso foi de um elenco igualmente atraente e carismático. Mas se tem uma coisa que dá certo aqui, sem dúvida são as piadas, a verdadeira essência do longa. Tirando um sarro do próprio estilo da série de TV, o filme acerta nas tiradas e situações cômicas (algumas podem ser forçadas e absurdas, mas ainda conseguem arrancar risadas) e nas interações do grupo, sobretudo entre Ronnie (Jon Bass) e CJ (Kelly Rohrbach). O jovem Jon Bass, aliás, é a melhor surpresa do longa, ultrapassando o próprio The Rock em carisma em alguns momentos e carregando grande parte da comédia nas costas.

A trilha sonora é um dos pontos altos do filme, mas o mesmo não se pode dizer dos efeitos especiais. É simplesmente constrangedor ver o CG mal finalizado em um filme que custou 70 milhões de dólares! Mas, focando nas coisas boas… outro detalhe que o longa não falha é em não sexualizar absurdamente as mulheres salva-vidas. Há diversas tomadas bem reveladoras, mas como se trata de Baywatch, não havia como mudar isso. Uma pena que, com exceção da séria Stephanie (Ilfenesh Hadera, co-lider do grupo), tanto CJ quanto Summer (Alexandra Daddario) não têm muito brilho como personagens, ficando apenas no plano beleza (muita beleza!) e carisma.

Com pequenas participações dos ícones Pamela Anderson e David Hasselhoff, Baywatch é um show de risadas, mas uma verdadeira bagunça como cinema. Não seria tão difícil fazer o filme dar certo caso houvesse um roteiro com mais motivação e sem tantas idas e vindas confusas, porque o próprio elenco milagrosamente já ajuda a elevar a obra a um nível agradável de se assistir. Mas é aquela coisa: antes de nos perguntarmos o que seria necessário para que o filme fosse melhor, deveríamos nos perguntar: “Era preciso fazer um filme desses?”. Como eu disse no início do texto, assistir on demand me parece a melhor opção, afinal, Baywatch é um dos maiores filmes pipoca – e Sessão da Tarde – de 2017.

Barbara Demerov