Crítica: A Grande Muralha

Crítica: A Grande Muralha

A Grande Muralha da China é um dos lugares mais icônicos do mundo, e foi construída para defender o Império Chinês de tribos vizinhas. Sendo considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno, é inimaginável o tanto de história que seus mais de 21 mil quilômetros abrigam – e é claro que, um dia, o cinema criaria uma história sobre a Muralha para contar na telona. A Legendary Pictures, que foi vendida em 2016 para o grupo chinês Wanda, já está preparando terreno para grandes produções focadas no Oriente; e é neste contexto que A Grande Muralha, o maior filme gravado inteiramente na China, se encaixa no cinema: um filme que se propõe a fantasiar sobre uma das razões pelas quais a estrutura foi criada e entregar muita ação.

No universo criado para o filme, a famosa barreira foi construída com um único fim: o impedimento de uma horda de monstros que reaparece a cada 60 anos e quer ultrapassá-la para destruir o mundo. E onde Matt Damon se encaixa? Seu personagem, William Garin, que não tem nada a ver com a luta secreta dos chineses com os monstros, só quer o pó preto que causa explosões (a pólvora). Junto com seu amigo Pero Tovar (Pedro Pascal, que está engraçado mas não tem tanto tempo em cena), ambos são forasteiros que aparecem na Muralha bem na época do retorno dos monstros chamados Tao Tei, que estão ainda mais poderosos do que no passado. William acaba ajudando o exército de guerreiros e descobre todos os segredos que os chineses guardam com tanta discrição.

Tecnicamente, o novo filme de Zhang Yimou (O Clã das Adagas Voadoras, Lanternas Vermelhas) possui grandes cenas de batalhas e uma produção de arte impecável, com figurinos dignos de se ficar observando atentamente a cada cena. Por outro lado, os personagens caem nos mais básicos estereótipos e o roteiro não se sobressai com relação ao visual espetacular, caminhando do mesmo jeito que muitos filmes do estilo fazem: apostando em cenas cômicas, algumas levemente romantizadas, com a ação sempre em primeiro plano. Mas, honestamente, não há nada de errado nestas características analisando o aspecto geral do filme, pois ele é centrado em uma coisa apenas: entreter. E nessa missão, ele passa longe de fracassar.

O grande diferencial em A Grande Muralha, porém, é que Matt Damon não é exatamente o protagonista do filme: a atriz Jing Tian rouba a cena com a personagem mais bem trabalhada da trama, a general da Ordem Sem Nome. Destemida e carismática, a personagem Lin Mae é um dos pontos altos da aventura e tem uma dinâmica bem interessante com Matt Damon, que não excede no romantismo e foca apenas na batalha a ser travada.

As polêmicas sobre o whitewashing se mostram exageradas quando vemos o resultado final de A Grande Muralha. O filme sabe dosar os personagens e dá um destaque maior (logicamente) para os chineses, que realmente são os verdadeiros heróis de tudo. A obra se apresenta como um bom filme pipoca para a família, com cenas de ação extremamente bem coreografadas e um elenco interessante e divertido. Pode não ser um grande épico de Zhang Yimou e ter alguns dos mais conhecidos clichês, mas definitivamente vale o ingresso para se divertir na sala de cinema.

FICHA TÉCNICA
Direção: Zhang Yimou
Roteiro: Carlo Bernard & Doug Miro e Tony Gilroy
Elenco: Matt Damon, Jing Tian, Pedro Pascal, Willem Dafoe, Hanyu Zhang, Eddie Peng Yu-Yen, Lu Han, Kenny Lin, Junkai Wang, Zheng Kai, Cheney Chen, Xuan Huang, Andy Lau
Produtores Executivos: Jillian Share, Alex Gartner, E. Bennett Walsh
Produção: Thomas Tull, P.G.A., Charles Roven, P.G.A., Jon Jashni, P.G.A., Peter Loehr, P.G.A.
História de: Max Brooks E Edward Zwick & Marshall Herskovitz
Estreia: 23/02/2017

Barbara Demerov