O realismo dos relacionamentos nos filmes de romance

O realismo dos relacionamentos nos filmes de romance

“Os relacionamentos são como vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde”, Zygmunt Bauman

Eu tenho a mania esquisita de acordar durante a madrugada. Na verdade, não sei se posso chamar de mania, mas o meu corpo desperta de repente e eu perco completamente o sono. Por isso, fico pensando em diversos assuntos até dar a hora certa de levantar. Em um dia desses, comecei a pensar sobre amor, relacionamentos e no quanto é difícil lidar com as pessoas, mesmo aquelas que nós amamos do fundo da nossa alma e admiramos. Fiquei pensando também sobre quando queremos conquistar certa pessoa que nos chama a atenção, mas não conseguimos. Ou quando nós acreditamos que aquele amor é para sempre, mas o sentimento acaba e é complicado aceitar. O amor é cheio de facetas e eu concluí que, ao mesmo tempo em que é bom amar, é um pouco perigoso também. Então pensei: “se os relacionamentos fossem como em alguns filmes de romance, tudo seria mais fácil”.

Quem nunca sonhou em encontrar a sua alma gêmea em uma biblioteca, livraria ou até mesmo na esquina? Eles se esbarram. Ela deixa os livros caírem. Ele ajuda. É amor à primeira vista! E eu aposto que você já assistiu pelo menos a um filme com uma cena assim. Mas na vida real é diferente e, mesmo que você tenha encontrado o seu amor de maneira inusitada e inesperada, os problemas vão eventualmente aparecer no decorrer dos meses. Claro, isso é normal. Podem acontecer brigas, términos e retornos. Ou términos definitivos mesmo. Simplesmente não era pra ser.

E foi pensando em todas essas coisas que eu comecei a lembrar de filmes que contam histórias de casais bem realistas e decidi indicar alguns:

ALABAMA MONROE (2012)

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Dirigido por Felix Van Groeningen, Alabama Monroe é um filme belga indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no ano de 2013. De todos os longas dessa lista, esse foi o que mais me comoveu pela maneira com que a história é contada e a intensidade dos personagens. As atuações de Veerle Baetens no papel de Alabama e Johan Heldenbergh como Didier são incríveis também.

Com uma narrativa não linear, o filme conta a história do casal Alabama e Didier que, mesmo apaixonados, precisam enfrentar diversos problemas da vida. Alabama Monroe mostra que, apesar do sentimento, um casal é formado por duas pessoas diferentes, que reagem de maneiras distintas em casa situação. A trilha sonora e a fotografia são pontos altos. Esse filme teve muitas críticas positivas, e não é à toa.

LOUCAMENTE APAIXONADOS (2011)

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Talvez o mais clichê da lista, Loucamente Apaixonados fala sobre relacionamentos à distância. Quando Anna, uma estudante britânica nos Estados Unidos tem um problema com o visto, ela se vê obrigada a deixar Jacob para trás. A distância começa a abalar a relação e, no meio de uma tempestade de problemas, o casal precisa ajeitar repensar o relacionamento e ajeitar as suas vidas para que tudo dê certo.

O filme é dirigido por Drake Doremus e protagonizado por Felicity Jones e Anton Yelchin.

ANTES DO AMANHECER (1995)

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Estrelado por Julie Delpy e Ethan Hawke, Antes do Amanhecer é um filme muito conhecido e que me surpreendeu pelo desfecho inesperado. O longa conta a história de Jesse e Celine, que se conhecem durante uma viagem e conversam a noite inteira… até o amanhecer, quando ela precisa voltar para Paris e ele para os Estados Unidos.

Antes do Amanhecer mostra como duas pessoas podem se conhecer e se apaixonar durante uma boa conversa, mas é realista ao apontar as incertezas dos personagens, que precisam escolher entre o desejo de ficarem juntos e a dificuldade da distância. O filme possui continuação: Antes do Pôr do Sol e Antes da Meia Noite. Portanto, separe um dia para fazer maratona!

O outro filme que eu quero indicar se chama Meu Rei. Eu ainda não assisti, mas a Barbara Demerov, editora-chefe do Cinematecando, foi à cabine e conferiu o filme em primeira mão. A crítica me deixou surpresa (o longa ganhou 5 estrelas) e a frase que de cara chamou a minha atenção foi essa: “uma relação que possui altos e baixos é algo “cardíaco”, que traz emoção; já aquela que é conduzida em uma linha reta, não significa que a pessoa está vivendo, é algo totalmente sem graça”. Meu Rei, segundo a crítica, expõe aos espectadores o realismo surpreendente de um casal que tenta manter a proximidade e união vivas. O texto sobre o longa está disponível aqui no site. Confira para saber mais aqui!

Por fim, em nenhum momento eu quis fazer com que vocês desacreditem do amor, que é um sentimento lindo, mas lembrar de que até os melhores relacionamentos não são um mar de rosas (e isso não é necessariamente ruim). Boa sorte!

Jaquelini Cornachioni