Resenha: Repeteco

Resenha: Repeteco

Bryan Lee O’Malley conquistou seu lugar entre os quadrinistas mais influentes do mundo com a série Scott Pilgrim Contra o Mundo. Publicada entre 2004 e 2010 em seis volumes, a graphic novel ganhou uma adaptação ao cinema nas mãos de Edgar Wright, estrelando Michael Cera e Mary Elizabeth Winstead nos papéis principais. 

Claro que o sucesso de Scott Pilgrim gerou um grande hype sobre a próxima história de Bryan Lee. Quatro anos depois, o autor canadense ressurge com Seconds (2014), que só chegaria ao Brasil em 2016 como Repeteco. A Companhia das Letras justificou o atraso de dois anos, culpando a crise econômica no País. Apesar das dificuldades, a editora trouxe um produto de alta qualidade para o Brasil – melhor até que a publicação de Scott Pilgrim. O consumidor também tem a oportunidade de encontrar a versão original, em inglês, com facilidade nas grandes livrarias. Por um preço bem mais salgado, claro…

Katie é uma jovem de 29 anos, fundadora do restaurante chamado Repeteco. Insatisfeita com o rumo de sua vida, e tentando abrir outra franquia própria ao centro da cidade, Katie é abordada por uma entidade misteriosa chamada Lis, que lhe oferece instruções para reverter os erros do passado. Para consertar um determinado acontecimento, Katie deve anotar seu erro em um bloco de notas e comer um cogumelo. No dia seguinte, ao acordar, tal erro estará corrigido. Mas é claro que, assim como em qualquer história de efeito borboleta, suas ações terão consequências.

Já familiarizado com a obra de O’Malley, tive uma grata surpresa com Repeteco. Dessa vez, o autor optou por lançar a história em apenas um volume, guardando mais semelhanças com um livro que uma HQ. Há um narrador, e Katie interage com ele durante a trama, discordando ou fazendo piadas com o rompimento da quarta parede. O traço também está diferente ao comparar Repeteco e Scott Pilgrim, mas a identidade do autor é preservada. Podemos perceber a evolução de O’Malley e seu assistente, particularmente na criação dos cenários. As cenas abertas são lindas e incrivelmente detalhadas, utilizando referências de jogos como The Sims e Urbz.

A narrativa é rápida, leve e direta. Exatamente o tipo de graphic novel que você vai querer ter por perto quando estiver enfrentando as filas do dia a dia, por exemplo. Repeteco recebeu boas avaliações da crítica especializada, apesar de não ser uma obra tão prestigiosa quando Scott Pilgrim. Para nós, trata-se de um nome fortíssimo para quem ainda está entrando no mundo dos quadrinhos, deixando gosto de quero mais. Basta acreditar que a próxima obra de Bryan Lee não levará seis anos para chegar ao Brasil.

 

Cauê Lira