Crítica: Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca
Quando eu sentei na cadeira e pensei “tudo bem, hora de escrever sobre o Episódio V de Star Wars”, eu não sabia que o desafio seria tão grande. O fato de ser uma franquia com uma importância gigantesca fez com que eu pensasse muito mais nas palavras do que eu normalmente penso, mas não só isso: é extremamente difícil escrever sobre algo que gostamos tanto. Já deixo claro que, muito provavelmente, o lado pessoal vai falar mais alto e eu juro que tentei assistir O Império Contra-Ataca com olhar analítico ontem, mas além de não ter encontrado defeitos, não consegui encarar a história sem deixar transbordar um turbilhão de sentimentos. Então, vamos lá!
É quase impossível começar a falar sobre o Episódio V sem antes passar brevemente pelo Episódio IV, originalmente chamado apenas de Guerra nas Estrelas. Star Wars nunca foi pensado para ser essa franquia que se tornou. Exatamente por isso, o primeiro filme possui uma história redonda, com começo, meio e fim muito bem encaixados. O sucesso – e as diversas ideias na cabeça de George Lucas – foi o que fez Star Wars continuar. Assim, o filme Guerra nas Estrelas foi chamado de Episódio IV: Uma Nova Esperança. É claro que grande parte das pessoas sabe disso, até mesmo quem não é muito fã. Aqui no Cinematecando, na crítica sobre Uma Nova Esperança, essa informação foi dita também. Mas não custa frisar, já que o que mais me intriga nisso tudo é a capacidade de fazer uma continuação para um filme que parecia ter o seu quebra-cabeça bem montado. Por isso, George Lucas usou a sobrevivência de Darth Vader para dar novos rumos para a sua história.
Logo no início de O Império Contra-Ataca, as forças imperiais comandadas por Vader surpreendem os membros da resistência, forçando o grupo a fugir. Propositalmente, Luke Skywalker desvia da rota durante a fuga e vai para Dagobah procurar por Yoda. Essa é a primeira vez que vemos o Mestre, conhecido pelo seu jeito único de falar e que aparece em todos os filmes da franquia, com exceção de Uma Nova Esperança. Com os ensinamentos de Yoda, Luke aprende mais sobre a Força e é treinado para se tornar um verdadeiro Jedi, ficando ainda mais próximo de seu pai. Aliás, é nesse filme que vemos aquela cena clássica “No, I’m your father” e descobrimos que Luke é filho de Darth Vader e a Princesa Leia é sua irmã. Em O Império Contra-Ataca, o arco familiar é bastante ampliado, assim como a importância de cada personagem. Luke deixa definitivamente aquele garoto que ajudava os tios para trás e vira um piloto, Jedi e herói da Rebelião. Ao mesmo tempo, Leia continua como uma personagem de personalidade forte e independente, mas o seu romance com Han Solo começa a desenrolar. E até mesmo Solo, descrito várias vezes como um canalha e egoísta, aprende a tomar decisões que não beneficiam apenas a ele.
O Episódio V também nos apresenta a novos personagens e criaturas. Além de Yoda, já citado no texto, conhecemos Boba Fett, que mesmo calado é querido pelos fãs por conta do visual incrível, e Lando Calrissian, um contrabandista amigo de Han Solo. Particularmente, acho Lando um dos pontos altos de O Império Contra-Ataca, com todos os elementos necessários que fazem dele um grande personagem: não só no visual, o contrabandista é simpático e ainda ajuda Leia a fugir do Império após se arrepender de ter negociado a entrega da Princesa e de Han Solo para Darth Vader. A descoberta da sua “traição” pode ser um pouco devastadora, mas Lando é aquele personagem que funciona praticamente como um alívio cômico dentro de um filme bastante sombrio.
O roteiro de O Império Contra-Ataca funciona perfeitamente. É um filme que tem de tudo: ação (muita ação), arcos familiares e amorosos em foco, o crescimento de personagens importantes para a história, atmosfera harmônica (o lado sombrio de Darth Vader e, simultaneamente, o lado mais tranquilo de Lando e Han Solo). E como se esquecer de todos os equipamentos e naves que vemos no decorrer do longa? X-Wing, Destroyers Imperais, AT-ATs… Tudo isso justifica o posto de ‘filme clássico’ que o Episódio V carrega, sendo um dos preferidos pelos fãs: é que o longa não enrola e, ainda por cima, nos surpreende.
Outro ponto alto do filme é Darth Vader, que aparece mais do que no episódio anterior, na maioria das vezes ao som da Marcha Imperial (tema que se tornou mais conhecido e – talvez – mais importante do que o próprio tema de Star Wars). É incrível como mesmo com a máscara que o mantém vivo cobrindo o seu rosto, dá para imaginar as feições do vilão pela impostação de voz e intensidade dos diálogos, como na hora em que Luke recorda o pai de quem ele era antes de ceder ao Império. Este momento prova que Anakin Skywalker sempre esteve dentro dele, mesmo que, naquele momento, já fosse tarde demais para mudar suas atitudes.
Com um vilão forte, protagonistas bem construídos e personagens secundários também importantes, não tinha como O Império Contra-Ataca dar errado. O Episódio V é um dos mais bem executados diante de todos os filmes da franquia (mesmo que eu ame todos os episódios igualmente).
FICHA TÉCNICA
Direção: Irvin Kershner
Roteiro: Lawrence Kasdan, Leigh Brackett
Elenco: Alec Guinness, Anthony Daniels, Billy Dee Williams, Brigitte Kahn, Bruce Boa, Burnell Tucker, Carrie Fisher, Christopher Malcolm, Clive Revill, David Prowse, Denis Lawson, Des Webb, Frank Oz, Harrison Ford, Ian Liston, Jack McKenzie, Jack Purvis, Jeremy Bulloch, Jerry Harte, John Dicks, John Hollis, John Morton, John Ratzenberger, Julian Glover, Kenneth Colley, Kenny Baker, Mark Hamill, Mark Jones, Michael Culver, Michael Sheard, Milton Johns, Norman Chancer, Norwich Duff, Oliver Maguire, Peter Mayhew, Ray Hassett, Richard Oldfield, Robin Scobey
Produção: Gary Kurtz, George Lucas, Rick McCallum
Fotografia: Peter Suschitzky
Montador: Paul Hirsch
Trilha Sonora: John Williams
Duração: 124 min.
Ano: 1980