Crítica: Artifact
Dirigido e protagonizado por Jared Leto, Artifact vai às raízes do mercado fonográfico moderno enquanto a banda Thirty Seconds to Mars é processada em irônicos US$ 30 milhões por sua gravadora. Com o parecer de diversas personalidades da música, o filme fez sua estreia no Festival de Toronto de 2012, recebendo o prêmio de melhor documentário do ano.
Como Leto informa logo nos primeiros segundos de Artifact, a verdadeira intenção da banda era registrar o retorno ao estúdio para a gravação do álbum This is War (2009) , após o bem sucedido A Beautiful Lie (2005). A ação judicial emitida pela gravadora EMI, condenando a banda a pagar uma suposta dívida de US$ 30 milhões, caiu como uma bomba nas mãos de Jared Leto, Shannon Leto e Tomo Miličević. Com o aumento expressivo de downloads ilegais em meados de 2008, gravadoras encontraram uma nova maneira de conseguir dinheiro: processando os próprios artistas.
Eis que o documentário se divide em três núcleos. O primeiro, e principal, é o trâmite da ação judicial, enquanto a banda tenta se defender da própria gravadora na justiça. Em outro plano, a discussão do mercado musical moderno, contando com a participação de grandes nomes da indústria. Entre eles, Chester Bennington (Linkin Park), Serj Tankian (System of a Down) e Daniel Ek (Spotify).
O último núcleo é a própria gravação do álbum This is War. A banda contou com a produção de Flood, conhecido por trabalhar com bandas como Smashing Pumpkins, New Order e U2. O Thirty Seconds to Mars bancou a gravação do próprio bolso, transformando a casa de Jared Leto em um estúdio.
ENTENDENDO O CASO
Apesar do sucesso de A Beautiful Lie, o Thirty Seconds to Mars não recebeu qualquer pagamento por parte da EMI. Com o fim da turnê, a banda decidiu romper com a gravadora e procurar outro estúdio para lançar o novo álbum. A decisão não agradou os executivos da EMI, que dispararam um processo contra Leto sob a jurisdição do Estado da Califórnia: Nenhum contrato pode ser rompido antes de completar sete anos.
Mesmo correndo o risco de jogar dinheiro no lixo, o Thirty Seconds to Mars continuou com a gravação do álbum até o desfecho um tanto quanto imprevisível. Foram aproximadamente 3,000 horas de conteúdo crú até a resolução do caso e o fim da gravação. O vocalista descreve Artifact como um claro exemplo da filosofia do it yourself (faça você mesmo). “Compartilhamos diversas experiências e aspectos de nossas vidas pessoais neste documentário”, diz Leto. “Lutamos contra uma corporação gigantesca para defender o nossos valores”.
É evidente que o momento psicológico do Thirty Seconds to Mars influenciou o tema do álbum. This is War, Isso é Guerra, está recheado de músicas com tom épico de superação. Artifact é quase um complemento para o lançamento. Vale a pena escutar o álbum quando terminar de assistir ao documentário.
Posteriormente, Leto lançaria a continuação espiritual de Artifact. A série Into the Wild mostra os bastidores da turnê de mesmo nome durante a divulgação global do álbum This is War. A turnê foi certificada pelo Guinness como a mais longa na história do rock. Distribuído digitalmente pela VyRT, partes do documentário foram utilizadas no clipe Closer to the Edge.
2 comentários sobre “Crítica: Artifact”
Comentários estão encerrado.