Crítica: Kids (1995)
Este é o tipo de filme que pede um debate enquanto créditos sobem a tela. Kids é uma produção independente dirigida por Larry Clark, estrelando Chloë Sevigny, Leo Fitzpatrick, Justin Pierce e Rosario Dawson. À época, todos em seus papéis de estreia. A trama segue o dia de um grupo de adolescentes sexualmente ativos em Nova Iorque, numa época em que a cidade vivia uma epidemia de AIDs.
Kids não é sobre um personagem, ou uma motivação. Trata-se apenas de uma situação na qual um grupo de jovens é exposto. Telly (Leo Fitzpatrick) está determinado a transar com o maior número de virgens que conseguir. E como um adolescente que se importa apenas com sexo e drogas, não utiliza qualquer proteção em seus atos. Em contrapartida, Ruby (Rosario Dawson) e Jennie (Chloë Sevigny) vão ao médico para atestar a possibilidade de doenças sexualmente transmissíveis. Os testes de Ruby concluem que a garota está livre de qualquer contaminação, apesar de suas diversas experiências sexuais. Jennie, por outro lado, é diagnosticada com HIV logo após perder sua virgindade. Justamente com Telly.
O diretor conduz o filme em formato quase documental. Kids gerou um grande debate sobre educação sexual nos Estados Unidos, sendo que parte da crítica negativa classificou a obra como pornografia infantil. De fato, Larry Clark foi bem explícito em sua narrativa, e retirou todos os filtros possíveis para trazer uma história crua sobre a juventude de Nova Iorque.
A atuação dos adolescentes é de causar inveja, tendo Leo Fitzpatrick como o grande destaque. Telly é um personagem polêmico e sádico que tampouco se importa com a idade de suas parceiras sexuais, contanto que sejam virgens. Na primeira cena de Kids, o garoto transa com uma menina de doze anos. Em seguida, encontra seu amigo Casper (Justin Pierce), e diz que a garota sangrou, e pediu para que ele parasse.
Kids tem 48% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes. Já a audiência classifica o filme em 77%. Rita Kempley do Washington Post diz que Kids é uma obra promíscua sobre pornografia infantil, utilizando sua cartilha social como fachada para mostrar um bando de adolescentes em relações sexuais. Janet Maslim, do New York Times, classifica a obra como “um motivo para o mundo acordar”. Vale mencionar que grupos feministas salientam a importância da história como um informativo para a juventude moderna.