Bethesda Softworks: o single-player está vivo e passa bem
Fundada na década de 80, a Bethesda é um dos atuais pilares dos games para 1 jogador
Os gamers vivem uma época, diga-se de passagem, estranha. O preço dos games é cada vez mais alto, e certas empresas não estão satisfeitas com isso, implementando as microtransações (pagamentos dentro do jogo) com a desculpa de que seus produtos estão cada vez mais caros para produzir. E aí entra o multiplayer: não tenho nada contra modos competitivos ou mesmo cooperativos em games, mas vemos cada vez mais títulos no modelo “pague para vencer” no mercado, criando um ambiente profundamente injusto e desbalanceado para os gamers que querem apenas uma experiência divertida e engajante em troca de seu dinheiro.
Felizmente, há esperança. A Nintendo está sambando com o sucesso de The Legend of Zelda: Breath of The Wild e Super Mario Odyssey, enquanto a Sony também apresentou fenomenais títulos single-player como Horizon: Zero Dawn, Persona 5, NieR Automata, Nioh e o indie Hellblade: Senua’s Sacrifice. Espero falar mais deles em breve.
Em uma era de MOBAs e diversos outros games online, é de se admirar também a Bethesda, distribuidora de Fallout e Elder Scrolls, entre outros, focar tão fortemente em experiências para 1 jogador. Em 2017, não só a empresa lançou 4 games aclamados pela crítica, como anunciou seu comprometimento em trazer alguns de seus títulos mais famosos para o novo console da Nintendo, o Switch. Mas estou aqui para falar de alguns desses jogos: Prey, The Evil Within 2 e Wolfenstein II: The New Colossus. *(Infelizmente não joguei Dishonored: Death of the Outsider)
Prey
Sendo direto: Bioshock com aliens. A julgar por suas demos, Prey talvez não cumpra com o potencial que tinha. Eu, pessoalmente, não sou muito fã do game como um todo.
Contudo, com exceção de alguns bugs e glitches, a nova aventura sci-fi protagonizada por Morgan Yu é cheia de atmosfera e conta com um cenário fascinante a ser explorado. Desenvolvido pela Arkane, a mesma de Dishonored, Prey não apresenta um estilo de jogatina tão freestyle quanto os fãs gostariam, descambando um tanto frequentemente para os tiroteios desenfreados.
Ainda assim, quando se tem o tempo para respirar e investigar, o game, criado na engine Crytek, traz momentos preciosos de suspense que provocam lindas memórias de quando Bioshock veio ao mundo, em 2007.
The Evil Within 2
Sequência do game de 2013 dirigido pelo renomado Shinji Mikami, The Evil Within 2 troca seu diretor e ganha uma abordagem mais sintonizada com o popular gameplay open-world (aqui está mais para um hub). Novamente, como Prey, trata-se de um game com claras imperfeições, mas com um volume de conteúdo a ser invejado.
Enquanto o design das fases permanece aberto, The Evil Within 2 brilha, exaltando a aura de survival-horror quando os monstros podem vir a qualquer hora e de qualquer direção. Há até um pouco de The Last of Us aqui, principalmente na administração dos recursos encontrados no mundo, como munição, itens de cura e alguns materiais reaproveitáveis.
Para melhor ou para pior, a história vai se afunilando e a jogabilidade torna-se muito mais linear, o que remove o suspense encontrado nas primeiras 10 horas de jogo (é um game longo, que pode passar da marca das 20 horas).
Quem curte games como Resident Evil 4 ou até mesmo o primeiro The Evil Within, apreciará bastante o que foi feito em The Evil Within 2, que como muitos títulos survival-horror compensa sua jogabilidade pouco sofisticada com atmosfera e riqueza de detalhes.
Wolfenstein II: The New Colossus
Essa é a cereja do bolo, o creme-de-la-creme. A sequência de Wolfenstein: The New Order não poderia ser melhor, com uma narrativa muitíssimo bem elaborada, gráficos deslumbrantes e uma jogabilidade tão suave e fluida que parece ter sido literalmente lubrificada com óleo de motor.
A história acompanha a continuação da luta de B.J. Blazkowicz contra o regime nazista implantado no mundo todo, em uma versão alternativa de nossa história. Aqui, no entanto, temos um trabalho ainda maior dedicado ao elenco de coadjuvantes, bastante memoráveis e cheios de dimensão, acrescentando peso dramático e principalmente uma mordacidade afiada que fará o jogador rir nervosamente.
O foco continua o mesmo: atirar em nazistas. Na verdade, não só atirar. Esfaquear, socar e desintegrar também são opções, e felizmente o game roda a 60 quadros por segundo, deixando tudo mais prazeroso de se jogar. Outras qualidades incluem a adição de upgrades específicos que permitem navegar cantos diferentes dos cenários e também a inclusão de missões paralelas, cada uma delas focada na eliminação de um comandante do reich.
Posso até ter pequenas ressalvas com o game: elementos da história são completamente largados ao fim da campanha, enquanto o conteúdo paralelo a ela sofre um pouco com a repetição (afinal, 95% do game consiste em soltar o chumbo). Mas os problemas não são o bastante para ofuscar as imensas qualidades. Pra quem curtiu o reboot de Doom, também da Bethesda, é um prato cheio.
2 comentários sobre “Bethesda Softworks: o single-player está vivo e passa bem”
Comentários estão encerrado.