Crítica: Get Even

Crítica: Get Even

ISSO É MUITO BLACK MIRROR MEO!

Essa será a provável reação que a maioria dos gamers terão com Get Even, novo jogo da desenvolvedora polonesa The Farm 51, distribuído internacionalmente pela Bandai Namco. Com preço bem abaixo da média, o game está disponível para download.

Com roteiro assinado pelos britânicos Iain Sharkey e Stephen Long, Get Even possui um enredo difícil de ser descrito sem entregar surpresas. Portanto, vou me ater apenas aos detalhes apresentados em seu início.

Você, o jogador (quem mais?), está no controle de Cole Black (Edward Dogliani, desconhecido que soa igualzinho ao ator Ray Winstone), um ex-militar que acorda em um hospício, com um dispositivo misterioso acoplado a sua cabeça. Black logo começa a receber instruções de uma voz misteriosa, explorando o local onde se encontra preso e descobrindo memórias ocultas de seu passado.

Acreditem: Get Even vai muito além do que é descrito acima, em uma jornada de 10 horas ou mais , sem contar os possíveis replays e itens destraváveis. Com um ar de Arkham Asylum e Amnesia, o game incentiva o jogador a analisar seus arredores, onde até os mínimos detalhes podem significar volumes e possibilidades aguardam experimentação.

Dito isso, a primeira limitação perceptível de Get Even está em seu visual, que parece vir diretamente de um título da geração passada. Há truques visuais interessantes, como o uso da fotogrametria, ou seja, locações recriadas a partir de imagens reais. No entanto, com uma taxa de quadros inconsistente, animações fracas e bordas serrilhadas, o resultado fica aquém do esperado, principalmente se considerarmos o anúncio inicial do game há 3 anos, no qual os gráficos estavam idênticos.

Outro elemento problemático de Get Even é seu gameplay, admirável ao misturar estilos consolidados mas sem muita fluidez. Como um conjunto, trata-se de uma experiência respeitável, mas, isoladamente, as mecânicas de tiro e exploração estão um tanto abaixo da média. Contudo, há um brinquedinho especial que de fato funciona horrores: a Cornergun, protótipo roubado por Black a certa altura do jogo, que permite disparar qualquer tipo de arma pelos cantos de qualquer cobertura, com a ajuda de um visor. Considerando que Get Even é inteiramente em 1a pessoa, ou seja, o campo de visão do personagem, tal dispositivo apresenta uma solução sábia para implementar elementos de cover shooting,  mais visto em games em 3a pessoa, nos quais a câmera se posiciona por detrás ou acima do protagonista.

Por fim, deve ser enfatizado o quanto de Get Even é impulsionado por sua excelente trilha original, do francês Olivier Deriviere (Remember Me). Com diversas faixas trabalhadas para construir espacialidade (com o uso de fones de ouvido, claro), o game apresenta uma sonoridade bastante opressiva, deixando o jogador extremamente tenso em seus momentos de suspense. Além disso, os trechos focados nos dramas pessoais de seus personagens tornam-se ainda mais emotivos quando acompanhados pela excelente orquestra conduzida por Deriviere, que também cria sons eletrônicos condizentes com a identidade sci-fi do game.

Com uma história envolvente e um belo incentivo para replays, Get Even se garante como uma das boas surpresas de 2017 nos games. Apesar das claras limitações técnicas, a trama orquestrada por Sharkey e Long merece atenção e certamente deixará alguns queixos caídos e controles suados. Ah, eu já disse que é muito Black Mirror?

Get Even já está disponível na Playstation Store, Xbox Live e Steam. 

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.

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