M. Night Shyamalan sobre Fragmentado: ‘O mundo está pronto para essas histórias’

O diretor M. Night Shyamalan está em São Paulo para promover seu novo filme, Fragmentado, e participou no início da tarde desta terça-feira (21) de uma entrevista coletiva com a imprensa brasileira. Distribuído pela Universal Pictures, o suspense psicológico conta a história de Kevin (James McAvoy), um homem que possui 23 personalidades completamente diferentes uma da outra. Sucesso ao redor do mundo, Fragmentado já arrecadou mais de 136 milhões de dólares nos EUA.

Mediado pelo jornalista Roberto Sadovski, o bate-papo com os jornalistas foi bem agradável e rico em detalhes sobre seu trabalho. Esbanjando simpatia e vontade de conversar com a imprensa, Shyamalan refletiu sobre vários aspectos interessantes de Hollywood sob o ponto de vista como diretor, falou sobre alguns de seus filmes e atores com os quais já trabalhou, e, claro, discorreu sobre os fundamentos que constituem o lançamento Fragmentado. Ele explicou que sua ideia de criar o projeto começou há muitos anos e afirmou que “99% do que vemos em tela é baseado em fatos”, pois sua fascinação por psicologia o ajudou a obter um resultado próximo a realidade. Os anos dedicados a uma extensa pesquisa fizeram o diretor participar de aulas na faculdade sobre o tema e também fizeram-no ter contato com um psiquiatra da área de transtorno de personalidade.

O diretor fez alguns comentários bem interessantes quanto a mudança de tom nas histórias abordadas no cinema. “Quando fiz Corpo Fechado (1999), o tom era sombrio e nada cômico. Na época, esse estilo de filme não estava no centro, mesmo que eu soubesse que aquele era o meu tom. O público ainda estava acostumado com o estilo dos anos 90, com filmes sentimentais e positivos, mas houve uma mudança de abordagem por parte dos cineastas e, todos aqueles que estavam à esquerda, bem longe, começaram a ir para o centro de tudo. Nolan, Aronofsky, Fincher, diretores que são realmente bem sombrios”.

Shyamalan aproveitou para expressar sua admiração por humor negro e refletiu sobre a transformação que o cinema teve nestes últimos 17 anos: “Adoro essa coisa à la David Lynch. Na época de Corpo Fechado, cheguei a ouvir de alguns fãs que o filme era ruim; e esse foi um dos motivos pelo qual eu fiz Sinais, para me desvencilhar dessa aura tão obscura. Mas agora eu sinto que há espaço, que este tom pelo qual sou ligado está funcionando e que estou conectado com as massas. Ver o sucesso de Fragmentado é inspirador. Sinto que precisamos falar sobre as mesmas coisas”.

O cineasta também não economizou elogios ao ator James McAvoy, afirmando que ele apareceu na hora certa e que era a pessoa perfeita para o papel. “Ele não tem medo e se dedicou ao máximo para encarnar Kevin. Trabalhávamos uma personalidade por dia no set, e às vezes nós simplesmente pausávamos a filmagem após o fim de seus takes para aplaudi-lo, pois sabíamos que estávamos diante de algo extraordinário”.

Perto do fim da coletiva, Shyamalan (obviamente) tinha que deixar um pouco de suspense na sala de imprensa, então anunciou brevemente que está planejando uma continuação para o longa – e que pretende lançá-la em 2018, se possível.