Resenha: Os Filhos de Anansi, de Neil Gaiman
Se você gosta do universo dos quadrinhos e aprecia os trabalhos de Frank Miller e Alan Moore, com certeza já ouviu falar de Neil Gaiman. E não poderia ser diferente! Autor de obras de sucesso como Coraline, Deuses Americanos e, principalmente, Sandman, Gaiman atinge diversos públicos com suas histórias que misturam fantasia, mitologia, uma boa dose de elementos reais do cotidiano e muita aventura. Essa mistura poderia ser uma grande bagunça se não fosse metodicamente pesquisada e organizada. Neil Gaiman faz dar certo, e no romance Os Filhos de Anansi a receita se repete em uma trama cheia de deuses do passado.
O livro conta a história de Charles Nancy, um contador que mora em Londres e leva uma vida pacata e desprovida de qualquer tipo de emoção: ele trabalha em uma empresa em que é infeliz, tem uma grande antipatia pela mãe da noiva, não é charmoso e, além de tudo, leva os seus dias de maneira acomodada. No início (e isso não é spoiler), descobrimos que Charles nunca teve um bom relacionamento com o pai, que adorava colocar o menino em situações constrangedoras e o apelidou ainda na infância de Fat Charlie, mesmo que ele não fosse gordo. Mas essa vida desinteressante de Fat Charlie não deixa a leitura arrastada. Na verdade, por mais sem sal que o personagem pareça ser, ele é cheio de personalidade e possui bom humor, fazendo piada e rindo das próprias desgraças.
A emoção começa quando Charles descobre de maneira peculiar que o pai é Anansi, um deus africano que também assume a forma de uma aranha (na lenda africana, Anansi é descrito como um Homem-Aranha, um animal traiçoeiro e de índole questionável). Para deixar tudo ainda mais confuso, o protagonista recebe a informação de que tem um irmão chamado Spider, que herdou todos os poderes divinos do pai. É a partir desse ponto que a jornada de Fat Charlie começa e a sua vida vira de cabeça para baixo, como vocês podem imaginar.
Os Filhos de Anansi é uma leitura incrível e rápida. Com 328 páginas, é possível ler o livro em poucos dias, já que a história prende o leitor do começo ao fim sem causar qualquer desconforto ou tédio. À medida que a leitura avança, o romance cresce ainda mais se tornando uma ficção fantástica de tirar o fôlego. É uma típica obra de Neil Gaiman, autor britânico que se prova mais uma vez um gênio contemporâneo.