Crítica: Scream (2ª Temporada)
Como qualquer fã da franquia Pânico de Wes Craven, assim que a primeira temporada da série Scream foi anunciada, fiquei completamente ansioso. E após assistir todos episódios da primeira temporada, foi realmente nostálgico poder ver novamente aqueles clichês tão conhecidos dos filmes slasher dos anos 80 e 90 incrivelmente bem roteirizados e com ótimas descobertas. A segunda temporada parecia ser mais uma certeza de tensão, mortes e mistérios, mas desta vez a série original MTV e Netflix deixou a desejar.
Com uma premissa básica e óbvia, Emma Duval (Willa Fitzgerald), a protagonista, volta para Lakewood para tentar voltar com uma vida normal, logo depois de ter ficado um tempo fora fazendo terapia para amenizar os traumas que sofreu durante o massacre realizado por Piper Shaw (que por sinal se torna bem recorrente nessa temporada) e um possível cúmplice, no qual perdeu muitos amigos. Enquanto isso, Audrey Jensen (Bex Taylor-Klaus), que no final do último episódio é jogada para os olhos do espectador como provável cúmplice ao queimar as cartas de Piper, enfim começa a ser ameaçada por alguém teoricamente próximo, que diz conhecer seus segredos e mentiras, e ameaça expô-los através de chantagens e várias fotos comprometedoras.
A série inicialmente mantém todos personagens principais e secundários, além de incluir algumas caras novas, sendo 3 novos personagens principais. Zoe, Elie Stavo, com exceção de Zoe, se tornam apenas alguns nomes desnecessários durante a série. Apesar de se encaixarem no elenco principal, servem mais para realçar os holofotes e a importância e dos 6 sobreviventes de Lakewood: Emma, Audrey, Brooke, Kieran, Noah e Jake.
Um ponto alto da segunda temporada é que, além de ter sua própria temática baseada na série de filmes Pânico, escritos por Kevin Williamson, mostra muita criatividade ao criar o nome de cada episódio, sendo todos referências a filmes clássicos de terror dos anos 60 à atualidade, como Psicose e Eu sei o que vocês fizeram no verão passado.
Sobre a exploração de personagens, Noah continua sendo o único personagem masculino que é bem trabalhado. Porém, os mais explorados foram: Brooke, que passou a demonstrar mais seus receios e a ser mais determinada, com significativa ajuda da ótima atuação de Carlson Young; e também Emma, que com suas apreensões e alucinações, tornou-se mais interessante, apesar de, ao contrário de Brooke, ainda ser prejudicada pela falta de expressões faciais da atriz.
Já os episódios, por sua vez, não possuem o mesmo ritmo contagiante da primeira temporada, pois o roteiro se ocupa em abrir muitas questões que não são fechadas, como o mal explicado irmão mais velho de Brandon James, Troy. Além disso, a história não consegue dar sequência aos momentos impactantes principalmente por conta do medo dos roteiristas em matar personagens tão queridos pelo público, sendo que a série já enfrentava problemas de audiência na MTV, podendo obviamente resultar em um cancelamento antes mesmo do final da temporada, o que só causou complicações para o desenvolvimento deScream.
Porém ainda é possível ver algumas mortes bem pensadas, com muito sangue (típico da franquia), e a série ainda busca trazer novos segredos à tona, que vão te surpreender de um jeito ou de outro. E mais, os relacionamentos entre os amigos passam a ser estudados mais a fundo, tentando esclarecer questões que ficaram no ar desde a primeira temporada.
No geral, Scream não muda muito sua estrutura: continuando a combinar cenas aleatórias dos personagens com a voz de fundo de Noah em seu podcast, os mistérios mostram-se realmente frequentes, e as suspeitas ainda são enfatizadas pelos efeitos sonoros oportunistas.
Apesar de ser cansativa em alguns episódios, a narrativa não chega a ser previsível, sendo salva pelos últimos episódios, que finalmente levam aos fãs os elementos frenéticos e tensos esperados desde o primeiro episódio.