Crítica: 3% (2ª Temporada)

Crítica: 3% (2ª Temporada)

Série brasileira da Netflix retorna ainda mais madura e atual

Após grande sucesso em sua primeira temporada, lançada em 2016, 3% retorna ao catálogo da Netflix com 10 novos episódios sobre um novo Processo que dará a chance de parte da população conhecer o Maralto. A segunda temporada se passa durante os sete dias que antecedem o Processo 105 e trabalha as questões e os resultados do que ocorreu anteriormente. De maneira sólida e costurando muito bem seus diálogos sociais e políticos, a série de Pedro Aguilera já pode ser considerada um marco do audiovisual brasileiro e merece sua atenção.

Dois episódios a mais fizeram a diferença neste segundo ano de 3%, principalmente pelo fato de a história engrenar de maneira rápida e extremamente fluida. Há diversos twists que realmente impressionam e todo o elenco dá o peso necessário para impactar, juntamente com o roteiro, que só ajuda a elevar o clima tenso. A maior qualidade da temporada recai justamente nos personagens: Joana, Michele, Fernando, Rafael e cia. Todos têm seus ideais bem delineados a ponto do espectador entender o lado de cada um deles – seja no Maralto ou no Continente.

Outros pontos que merecem ser destacados são a direção de arte, a fotografia e a direção. Se a primeira temporada impressionou com tais elementos, prepare-se para ver um upgrade ainda mais vívido e incrível: além de conhecermos o Maralto mais a fundo, vemos muito mais do Continente também. A câmera na mão, que era bem ativa, agora está mais contida e dá espaço para planos mais abertos a fim de mostrar toda a imponência do lado “bom” e as cores do lado “ruim”. É muito interessante perceber que há mais vida no Continente, até mesmo no dia a dia da população.

Escolher o lado e o lugar que pertence é o mote desta temporada, e acompanhar uma ficção que se encaixa tanto dentro da nossa realidade é tão interessante quanto incômodo. Sinal de que acertaram no tom e no modo de contar a história. E também é um sinal de que precisamos de mais obras nacionais que, mesmo indiretamente e por formas ficcionais, discuta tão bem a disparidade dentro da sociedade e das injustiças que nos cercam diariamente. A Causa impressiona com sua coragem ao enfrentar as adversidades impostas rigorosamente e, ao fim da temporada, com certeza te deixará refletindo sobre escolhas, ideais e, principalmente: união.

Bruno Fagundes, Cynthia Senek, Fernanda Vasconcellos, Laila Garin, Maria Flor, Samuel de Assis e Thais Lago, que integram o elenco nesta segunda fase da série, juntaram-se aos veteranos Bianca Comparato, Rafael Lozano, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Ediana Souza e Roberta Calza, além do criador e roteirista Pedro Aguilera, diretores Daina Gianecchini, Dani Libardi, Jotagá Crema, Philippe Barcinski e o produtor executivo Tiago Mello, da Boutique Filmes. 

Barbara Demerov