Crítica: Assassin’s Creed

Crítica: Assassin’s Creed

Grandes franquias de games geralmente ganham a aprovação de seus jogadores, seja por suas histórias interessantes e inovadoras, ou pelos gráficos e personagens. Mas, infelizmente, o mesmo não pode ser dito das adaptações cinematográficas que os videogames vêm ganhando ao longo dos anos. Chega até a ser irônico pensar que histórias baseadas de HQ’s fazem mais sucesso do que histórias que já são exibidas no videogame ou em computadores, mas essa é a realidade. Warcraft, que tinha tudo para ser um divisor de fases em tais adaptações é um bom exemplo atual a ser dado, pois mesmo que o filme tenha agradado os gamers, ele não conquistou nem um pouco os fãs de cinema.

Mas não é só Warcraft o dono de uma enorme franquia: Assassin’s Creed, jogo de ação com mais de nove histórias principais da Ubisoft e que possui diversos livros e quadrinhos, tinha um potencial imenso a ser explorado nas telonas do cinema – afinal, conquistou uma legião de fãs por abordar histórias interessantes e conceituadas, baseadas em fatos históricos.

O diretor Justin Kurzel (do ótimo Macbeth: Ambição e Guerra) tinha a missão de expandir este universo e mudar o rumo das adaptações de games. É inegável que Assassin’s Creed tem um visual incrível, assim como o que vemos nos games. O filme também possui uma trama interessante, onde não é preciso inserir uma série de informações em pouco tempo apenas para o espectador entender o que está acontecendo (que é o caso de Warcraft). Além disso, o filme possui nomes grandes no elenco, tais como Marion Cotillard, Jeremy Irons e, claro, o protagonista da trama: Michael Fassbender, que interpreta Callum Lynch, um prisioneiro que, bem próximo de ser executado, vê sua vida mudar ao conhecer uma empresa de alta tecnologia, a Abstergo, que seleciona pessoas com uma linhagem específica. A Dra. Sofia Rikkin (Cotillard) revela que ele é descendente de um assassino chamado Aguilar, que viveu durante a Inquisição Espanhola e lutou contra os Templários (inimigos dos Assassinos do Credo). Praticamente obrigado a participar do projeto da empresa em que precisa adentrar no programa Animus, Cal precisa encontra um artefato desaparecido há mais de 500 anos, pois Sofia e seu pai, o CEO da empresa, acreditam que ele pode erradicar a violência mundial. Sob a visão de Aguilar há séculos atrás, o protagonista passa a aprender mais sobre seus ancestrais e sobre sua própria história.

A premissa é interessante e as cenas iniciais também, pois elas prendem a atenção facilmente. E o visual do filme, aliado a uma trilha sonora pulsante, dão aquela guinada necessária em filmes de ação (principalmente sendo baseado de games). O primeiro ato é ótimo por mostrar ao espectador, seja ele leigo no assunto ou não, sobre o que filme se trata e quais são as missões de cada personagem. Porém, a partir do segundo ato, fica um tanto quanto complicado acompanhar a história – ao mesmo tempo em que o diretor procura inserir vários elementos que os fãs certamente irão gostar: cenas de ação que, mesmo não sendo tão bem coordenadas, remetem aos games da franquia, assim como os figurinos e ambientações. Só que até as cenas que são passadas dentro do Animus duram pouco, o que torna a experiência um pouco frustrada. Quando achamos que a trama vai engrenar durante a Inquisição, somos levados de volta ao presente – que, convenhamos, não chega nem perto da grandeza que nos é apresentada na Espanha do século XV.

No início do filme também podemos ver diálogos interessantes e que dão sentido à trama, principalmente entre Cal e Sofia. Mas parece que tudo começa a se enrolar mais para o meio do filme, e até os diálogos e situações caem nos clichês que estamos cansados de assistir. Tudo começa a soar mais artificial e sem vida, e até mesmo a motivação de Callum não possui tanta força.

Elementos que valem a pena serem considerados são: a fotografia, que é bem parecida com a do filme Macbeth, com tons escuros e alaranjados que fazem o espectador imergir na trama do passado e são muito bonitas; as atuações de Fassbender e Cotillard, que claramente se esforçaram em seus papéis e de fato conseguiram melhorar o filme consideravelmente.

Assassin’s Creed pode ser considerado como um bom filme de ação e não merece o desprezo do público. Vale a pena conferir para aproveitar o visual bem feito, juntamente a boas atuações. Mas, realmente: se formos compará-lo à tão querida franquia, provavelmente a maioria vai continuar no bom e velho videogame. Ele tinha potencial para ser muito, muito mais. Mas (ainda) não foi dessa vez.

FICHA TÉCNICA
Direção:
Justin Kurzel
Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Michael Lesslie
Elenco: Ariane Labed, Brendan Gleeson, Callum Turner, Carlos Bardem, Charlotte Rampling, Denis Ménochet, Essie Davis, Hovik Keuchkerian, Javier Gutiérrez, Jeremy Irons, Khalid Abdalla, Marion Cotillard, Matias Varela, Michael Fassbender, Michael Kenneth Williams
Produção: Arnon Milchan, Conor McCaughan, Frank Marshall, Jean-Julien Baronnet, Michael Fassbender, Patrick Crowley
Fotografia: Adam Arkapaw
Montador: Christopher Tellefsen
Trilha Sonora: Jed Kurzel
Duração: 115 min.

Barbara Demerov

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