Crítica: O Plano de Maggie

Crítica: O Plano de Maggie

A atriz Greta Gerwig tem conquistado uma fama e um certo público que já espera, por assim dizer, um típico filme com Greta Gerwig. Ela obteve sucesso de crítica com o inebriante e sincero Frances Ha, e continuou com Mistress America (este, um filme mais irregular), ambos escritos e protagonizados por ela com a direção de Noah Baumbach, seu namorado na vida real. Agora, esta nova comédia dramática da diretora Rebecca Miller (O Mundo de Jack e Rose, A Vida Íntima de Pippa Lee), solidifica ainda mais este ainda tímido – mas definitivo – nicho em sua carreira, que é o de interpretar personagens atrapalhadas e confusas, mas de charme e carisma salientes, em um cenário universal para esse tipo de filme: Nova York.

Um filme de comédia romântica dramática com personagens femininas proeminentes, em Nova York?!

Isso lembra alguma coisa…

Sim, o filme de Rebecca Miller, assim como os de Noah Baumbach, dão continuidade a esse gênero tão agradável ao público, que ainda tem em sua maior inspiração o diretor Woody Allen. Mas mesmo estes filmes ainda possuem suas próprias características, principalmente quando analisados dentro dos tempos atuais e da jovem geração que testemunhamos e convivemos.

O Plano de Maggie narra a história de Maggie (Greta Gerwig), uma professora de negócios para a arte e design que, mesmo solteira, decide que quer se tornar mãe e pede a ajuda de um antigo colega, Guy Childers (Travis Fimmel), um empresário no ramo do cultivo de picles, para doar seu esperma. Mas na mesma época, Maggie conhece John (Ethan Hawke), também professor e antropologista ficto-crítico. Eles se envolvem romanticamente, apesar do casamento de John com Georgette (Julianne Moore), que têm fama de controladora e de difícil comportamento.

Nessa premissa, já pode se perceber um caminho familiar às comédias de Woody Allen. Mulheres de personalidade forte e estridentes; romances complicados; intelectuais que pouco compreendem as emoções… e assim em diante.

Contudo, esta comédia de Rebecca Miller tem seus próprios valores. Algo que vale ressaltar é a naturalidade que todos seus personagens apresentam tanto na interação entre estas (e principalmente pelos diálogos fluentes), quanto para o público, com personagens que vivem situações mesmo que comuns aos dias atuais, mas com extrema honestidade, que afetam e distorcem o lógico e a emoção, como a própria vida.

2

Filmes como O Plano de Maggie, Frances Ha, Enquanto Somos Jovens, Mistress America, Ruby Sparks – A Namorada Perfeita, Será Quê?, e outros, sem entrar no mérito de melhor ou pior, atestam e se comunicam diretamente com uma parcela da geração atual, geração esta denominada como a geração Y (pessoas na faixa entre os 20 e 35 anos). Inclusive, alguns destes filmes, uns mais que outros, fazem um retrato dos jovens ‘hipsters’, incluindo O Plano de Maggie, onde temos um personagem que pode ser adequado à esta categoria: o jovem muito barbudo de vestuário alternativo que abriu uma empresa que produz e vende variados tamanhos e tipos de jarros com picles. Dá para ser mais hipster que isso?

Outra personagem que vale destacar e mencionar é a semi-caricatural Georgette, interpretada com eletricidade, técnica e muito bom humor por Julianne Moore, que mostrou neste filme um ‘timing’ para comédia acima das expectativas, somados a um saboroso sotaque dinamarquês. Moore foi o ponto alto do filme.

O Plano de Maggie é um filme de pessoas com personalidades que, mesmo errantes, são muito carismáticas, e nos aproximam da própria vulnerabilidade do acaso do dia-a-dia com todo o seu humor e drama misturados.

FICHA TÉCNICA
Título Original: Maggie’s Plan
Direção: Rebecca Miller
Produção: Hall Monitor; Locomotive; Rachael Horovitz Productions; Round Films; Sony Pictures Classics
Roteiro: Rebecca Miller
Gênero: Comédia Romântica/Drama
Duração: 98 minutos
Classificação: 12 anos
Elenco: Greta Gerwig (Maggie Harden); Ethan Hawke (John Harding); Bill Hader (Tony); Maya Rudolph (Felicia); Travis Fimmel (Guy Childers); Wallace Shawn (Kliegler); Julianne Moore (Georgette).

Alexis Thunderduck