Crítica: Por Que Vivemos

Crítica: Por Que Vivemos

Animação japonesa traz forte mensagem de superação; a estreia está marcada para 23 de novembro em São Paulo e em mais 6 cidades brasileiras

A animação Por que vivemos, dirigida por Hideaki Oba (que trabalhou no Studio Ghibli com Hayao Miyazaki, de A Viagem de Chihiro), é inspirada em fatos do século 15 e teve seu início a partir do best-seller homônimo que vendeu mais de 1 milhão de exemplares no Japão. O roteiro adaptado para o filme é de Kentetsu Takamori, um dos autores do livro e professor da Terra Pura (uma das formas de budismo).

Por que vivemos faz uma dupla abordagem: sobre a popularização do budismo no Japão há mais de 500 anos e sobre questões internas do protagonista, o camponês Ryoken. O jovem, que antes era revoltado e não valorizava sua família, aprende a enxergar uma nova visão da vida com as palavras do Mestre Rennyo, principalmente o altruísmo.

Quanto ao budismo, a animação intercala belas cenas do aprendizado passado aos cidadãos japoneses com perseguições e ação – que acontecem pela intolerância de outros clãs que não compreendem exatamente o que o Mestre quer passar. Os monólogos do experiente budista são imersivos e logo é possível criar um laço entre a ficção e a realidade da sociedade atual. Dificilmente tais palavras ditas passarão despercebidas pelo espectador, pois a atmosfera da animação, juntamente com as histórias dos personagens, cativam muito e promovem a reflexão sobre temas como desapego, felicidade, nossa missão em vida e, como já falado, o altruísmo e valorização da família e fortalecimento de vínculos.

Como o filme é ambientado no período de guerras civis no Japão pelo controle de poder, a história explica a saga de Mestre Rennyo (1415-1499), que foi perseguido pelos monges guerreiros do Monte Hiei (em Kyoto) até seu exílio em Yoshizaki, na província de Fukui, onde construiu um complexo de templos, destruídos por um incêndio criminoso em 1474. Por que vivemos aborda tudo isso sob os olhos de Ryoken, à medida em que gradativamente ganha ainda mais vontade de seguir seu mestre e mudar seu próprio caminho.

Qual o sentido da vida? O que estamos fazendo aqui? Essas são questões amplamente discutidas através dos séculos e que chamam a atenção de quem gostaria de se aprofundar nessa jornada de autoconhecimento. Por que vivemos trabalha bem essas questões e não desapontará aqueles que buscam um conteúdo profundo abordado de forma leve e delicada.

Mais um fato: Mestre Rennyo Shonin foi discípulo de Shinran Shonin (1173-1262), fundador da Escola da Verdadeira Terra Pura (Jodo Shinshu), vertente do budismo que reúne o maior número de adeptos no Japão atualmente. 

Após permanecer por 29 semanas em cartaz nos cinemas do Japão, Por que vivemos desembarca no Brasil em 23 de novembro!

Barbara Demerov