Crítica: Sierra Burgess é uma Loser

Crítica: Sierra Burgess é uma Loser

Sierra Burgess é como a gente

 

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A Netflix tem a fama de produzir excelentes séries originais, mas filmes terríveis. Crítica e público detonaram produções (muitas delas caríssimas) como The Ridiculous 6The Cloverfield ParadoxVende-se Esta Casa, Bright, entre outras.

Só que o serviço de streaming parece ter encontrado um filão onde realmente acerta a mão: a comédia romântica. Em agosto, emplacou Para Todos os Garotos que Já Amei, um dos mais vistos do mês na plataforma. E, em setembro, seguiu apostando suas fichas no gênero, com a estreia de Sierra Burgess é uma Loser, inclusive com o ator Noah Centineo, protagonista dos dois filmes.

Não há nada de muito novo na história: uma menina impopular chamada Sierra, da turma dos estudiosos e considerada fora dos padrões estéticos, se apaixona pelo Jamey, jogador de futebol americano da escola. Só que ele é a fim da líder de torcida Verônica, essa sim super padrãozinho e um pouco malvada.

Para zoar Sierra, interpretada pela atriz Shannon Purser (a pobre Barb de Stranger Things), Verônica passa o telefone da nerd ao Jamey como se fosse o dela e os dois começam a conversar. Ele acredita que está trocando uma ideia com a líder de torcida, se apaixona ainda mais por ela porque o papo é muito interessante, e Sierra fica irremediavelmente apaixonada pelo cara que nem sabe que ela existe.

Esse é o começo de um enredo que se desenrola como nos filmes dos anos 1980 escritos por John Hughes e que, de certa forma, me aproximaram ainda mais do cinema. Eu alugava fitas como Gatinhas e Gatões, Clube dos Cinco e A Garota de Rosa-Shocking, e sonhava em ser exatamente como eles. Passava horas me imaginando viver amores tórridos na escola, molhar o travesseiro de tanto chorar depois de desilusões amorosas, conhecer o amor da minha vida cumprindo um castigo depois de aprontar alguma e ser mandada para a diretoria.

O filme sobre Sierra Burgess, dirigido por Ian Samuels, estreante em longa-metragens, me levou para esse lugar nostálgico novamente, mas com algumas evoluções. Já não temos mais a protagonista rejeitada tentando entrar nos padrões para ser amada nem o menino adolescente idiota que enxerga só um rostinho bonito.

É sobre uma nova geração que vai se identificar mais com os protagonistas e, talvez, sofrer menos do que a minha, que fazia de tudo para ser a mais linda da escola. E não tinha ideia de quer ser a mais linda da escola significava tantas coisas.

Leonor Macedo

Mãe de um adolescente e, enquanto não está discutindo com ele, escreve livro, roteiros, textos jornalísticos e diálogos toscos no whatsapp