Crítica: Star Trek – Discovery (Episódios 5 e 6)

Crítica: Star Trek – Discovery (Episódios 5 e 6)

Devido ao compromisso com a cobertura da 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, estarei neste texto avaliando os episódios de Discovery desta semana e a anterior.

É ótimo ver como Star Trek – Discovery está realmente comprometida com a construção de uma narrativa rica em novos conceitos e relações interpessoais. Pareço uma vitrola, eu sei, mas fico feliz com uma série que parece apenas evoluir… pelo menos na maior parte.

Já deixo aqui uma ressalva: os diálogos expositivos continuam e, apesar de ofuscados pela narrativa no geral, ainda são um incômodo pontual. Principalmente no 5º episódio, Choose Your Pain, o interessante arco do tardígrado (o “monstro”) acaba sofrendo com a verborragia mecânica, claramente implementada para cortar alguns caminhos e não deixar o espectador perdido no processo.

No entanto, se o blábláblá científico parece robótico, a equipe da Discovery continua a evidenciar uma maior humanidade a cada avanço da narrativa, contando ainda com a introdução de novos (e alguns velhos) personagens. Entre as novidades de Choose Your Pain, temos o oficial da federação Ash Tyler (Shazad Latif) e o malandro Harcourt Fenton Mudd (Rainn Wilson aka o Dwight de The Office). Ambos são prisioneiros em uma nave Klingon, que também aprisiona o capitão Lorca (Jason Isaacs) após um sequestro-surpresa. Já no capítulo 6, Lethe, somos finalmente introduzidos, por meio de flashbacks, a Amanda (Mia Kirshner), mãe adotiva de Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) e biológica de Spock.

Enquanto Tyler parece um novo membro valioso para a equipe e Amanda pode fornecer alguns importantes momentos emocionais para o arco de formação de Burnham, a presença do personagem de Rainn Wilson é de se estranhar, a princípio. Mudd expressa a Lorca a insatisfação popular que existe quanto à Federação, gerando um contexto interessante, mas é estabelecido como (possível) antagonista de maneira cartunesca e clichê, destoando um pouco do resto da série (claro, há momentos pastelão, mas todos contam com maior profundidade que isso).

Pelo menos o resto do elenco parece apenas amadurecer. Vemos os desânimos do primeiro-oficial Saru (Doug Jones) em relação à insubordinação de Burnham vindo à tona, os segredos escondidos pelo vulcano Sarek (James Frain) de sua filha e a inesperada nobreza do tenente Stamets (Anthony Rapp) em um momento decisivo. Falando em Stamets, não só descobrimos sua relação íntima (e bem menos tímida que a de Sulu em Sem Fronteiras) com o dr. Culber (Wilson Cruz) como também somos apresentados, por meio de sua história, a um possível Universo Espelho (criado na série original, é uma dimensão paralela habitada por duplos do elenco).

Como sempre, os efeitos visuais são competentes e bem complementados pela direção de arte e fotografia. Temos aqui o tardígrado alterando sua forma, nebulosas multicoloridas e aquele efeito ainda irado da Discovery entrando em dobra. Também vemos mais de Vulcano, aqui em tons saturados e exóticos. Com a escala cada vez mais expansiva da ação, espero ver muitos outros planetas pela frente.

A esse momento, você já deve ter se decidido sobre acompanhar Star Trek – Discovery ou não. E se ainda estiver na dúvida entre continuar ou largar, pense um pouco no que diz Burnham: podemos não conseguir o que queremos de alguém (ou, nesse caso, algo), mas a vontade de amá-lo permanece. Vamos torcendo pra que esse amor valha a pena, no final das contas.

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.

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