A evolução das princesas da Disney
Em 1937, ano em que foi lançado o filme A Branca de Neve e os Sete Anões, o mundo era outro. Desde então, passaram-se exatos 80 anos e a luta pelos direitos das mulheres se tornou um assunto importante e necessário na sociedade. Por isso, aquela história padronizada de uma princesa frágil que espera pelo príncipe encantado é passado e não cabe à realidade do público feminino contemporâneo. Não que seja um erro assistirmos aos clássicos. Na verdade, eles nos mostram o quanto as mulheres foram ganhando mais força e determinação com o passar do tempo. E uma coisa é certa: nós não aguentaríamos assistir, em pleno 2017, histórias de garotas inocentes que dependem de uma atitude masculina para viverem felizes para sempre.
As princesas da Disney podem ser divididas em três eras: a clássica, a renascença e a moderna. Na era clássica, temos Branca de Neve, Cinderela e Aurora, de A Bela Adormecida. Mesmo que haja uma sutil diferença entre as três, as histórias falam sobre mulheres que só encontram a felicidade ao lado de um homem. Em A Bela Adormecida, de 1959, Aurora, por mais que seja a protagonista, possui um papel secundário. Após furar o dedo em uma roca, ela espera dormindo pelo seu príncipe encantado. É praticamente a mesma fórmula de A Branca de Neve, uma moça frágil, inocente e ingênua que só se liberta após um beijo.
O cenário começou a mudar com o lançamento de A Pequena Sereia em 1989 e é a partir desse ano que começamos com a Era do Renascimento. A jovem Ariel é uma garota sonhadora, que faz um pacto com a vilã Úrsula em troca de virar humana para conquistar o príncipe Eric. A personagem é movida pelo amor, mas, ao contrário das três princesas anteriores, ela não espera que ele a encontre e luta para conseguir o que deseja. As outras quatro princesas que pertencem a essa Era são ainda mais fortes: Bela, de A Bela e a Fera; Jasmine, de Alladin; Pocahontas e Mulan. Em Pocahontas, a personagem apresenta para o seu amado, o inglês John, a importância de conhecer e respeitar uma nova cultura. O filme ainda nos mostra questões que precisam ser debatidas, como a intolerância e o preconceito com povos que possuem visões diferentes. Já Mulan dispensa apresentação: ela simplesmente se vestiu de homem para lutar no lugar de seu pai e se mostrou tão forte como qualquer um deles. Até hoje Mulan é considerada uma das princesas mais importantes da Disney.
Por fim, chegamos à Era Moderna, com Tiana (A Princesa e o Sapo); Rapunzel (Enrolados); Merida (Valente) e Anna e Elsa (Frozen). Nesses filmes, as princesas são curiosas, aventureiras e independentes. Além disso, elas possuem vários objetivos que não incluem a necessidade de um casamento. É claro que um romance pode acontecer, mas é algo natural e que não é o centro da trama. Tiana, por exemplo, sonha em ter um restaurante. Já Merida é uma guerreira com espírito rebelde. Nenhuma delas precisa ser salva. E não dá para esquecer-se de Moana, a mais recente princesa da Disney, mesmo que ela própria não goste deste título. Como dissemos na crítica do filme, lançado no fim do ano passado, Moana: Um Mar de Aventuras se destaca por ter uma protagonista que não é uma donzela em perigo.
Toda essa evolução prova que algumas empresas estão realmente dispostas a mudar a forma como as mulheres são vistas e tratadas pelo cinema e mídia, adaptando-se cada vez mais ao tempo em que vivemos. Nós esperamos que as princesas se aproximem cada vez mais da vida real, livrando-se dos padrões e inspirando meninas a serem fortes!