Mudbound: a importância do novo épico da Netflix

Mudbound: a importância do novo épico da Netflix

 O drama de época da diretora Dee Rees pode mudar o jogo para a Netflix na próxima temporada de prêmios.

A Netflix tem tentado consagrar seus filmes originais nas temporadas de prêmios desde a estreia de Beasts of No Nation, dirigido por Cary Fukunaga e estrelado por Idris Elba (indicado a um Globo de Ouro pelo papel). No entanto, a gigante do streaming obteve maior sucesso com documentários do que com ficções, até agora, sendo deixada de fora das categorias principais do Oscar. Mudbound, novo filme da diretora Dee Rees, foi adquirido pela empresa em Sundance por 12.5 milhões de dólares, e tem sido um sucesso estrondoso com os críticos a cada festival em que participa. O filme retrata as tensões raciais no Mississipi rural, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas essas não são as únicas razões para a promessa que o épico guarda.


Sua Diretora

Foto: Vulture

Dee Rees, aclamada por seu longa de estreia Pária e o filme televisivo Bessie, pelo qual foi indicada aos Globos de Ouro de direção e roteiro, ainda tem muito pela frente, com apenas 40 anos de idade e uma segunda obra de época em mãos (na verdade, já tem uma terceira: o drama An Uncivil War, sobre a ativista Florynce Kennedy). Influente no círculo de cineastas negros norte-americanos, Rees também é conhecida por falar abertamente de sua homossexualidade, algo que abordou já em seu primeiro filme, baseado em um curta homônimo da própria diretora. Caso o esforço e esmero de Dee Rees venha a ser reconhecido pela Academia, agora reformada, a cineasta pode garantir grandes vitórias não só para o público negro mas também para o movimento LGBT em Hollywood.


Sua Equipe

Além de Rees no comando, Mudbound também conta com uma tríplice de mulheres talentosas que encabeçam sua equipe técnica. A diretora de fotografia, Rachel Morrison, é colaboradora frequente do diretor Ryan Coogler, tendo fotografado seu filme de estreia Fruitvale Station e agora seu blockbuster Pantera Negra. Morrison revelou no perfil do Instagram da ASC (American Society of Cinematographers) que buscou inspiração no realismo social das fotografias de Margaret Bourke-White e outros fotógrafos americanos influentes para compor as imagens de um país abalado não só pela guerra, mas também a desigualdade social.

A montagem, por sua vez, ficou nas mãos de Mako Kamitsuna, que editou Pária e também colaborou com o diretor Michael Mann em seu thriller Hacker. Kamitsuna agora migrou para a televisão, com Here, Now, nova série criada por Alan Ball, responsável por nada menos que A Sete Palmos e True Blood.

A trilha original, por fim, é da responsa de Tamar-kali Brown, mais conhecida por sua influência no gênero afropunk, e essa é a primeira experiência da artista compondo para um longa-metragem. Críticos que já conferiram Mudbound prestaram elogios ao estilo eclético que a compositora traz ao filme.


Seu Elenco

Foto: Chicago Tribune

Carey Mulligan (Shame), Jason Mitchell (Kong: A Ilha da Caveira), Mary J. Blige (Empire), Garret Hedlund (Invencível), Jason Clarke (Planeta dos Macacos: O Confronto), Rob Morgan (Stranger Things), Kelvin Harrison Jr. (Ao Cair da Noite), Jonathan Banks (Better Call Saul). Se o tamanho e o talento desse elenco já são de impressionar, imaginem agora que os prêmios nos Gotham Awards e Hollywood Film Awards, termômetros para o Oscar, já foram garantidos. A cantora Blige, principalmente, arrancou elogios da crítica pela maturidade de sua interpretação. E outra: em um relato à Variety, Dee Rees disse que o roteiro inicial de Mudbound dava menos dimensão a seu elenco negro, então a diretora revisou o script para que todos tivessem um bom material em mãos e o mesmo peso para história.


O Reconhecimento do Público em Casa

Estava mais do que na hora de reconhecer que cinema não se limita apenas às salas de cinema, e que o entretenimento em casa pode contar com grande qualidade. Mas o maior trunfo que a Netflix tem atualmente é o de atingir o público internacional. Como com Bong Joon-ho em relação a Okja, seu filme original na plataforma, o diretor coloca público acima de dinheiro, mais preocupado com a difusão de sua obra, para que todos a conheçam. Assim como a aventura sul-coreana, que contou com um trabalho rebuscado de efeitos, Mudbound parece apresentar um esmero de produção que causaria inveja em outros projetos cinematográficos. O objetivo principal, ainda assim, é ser visto pelo máximo de pessoas, independente de dia e hora. E com o apoio da Netflix, o conteúdo então pode se desprender das amarras que limitam filmes lançados em cinemas: classificação indicativa, número de exibições por dia, etc. O público está livre para escolher.


Trailer

https://www.youtube.com/watch?v=xucHiOAa8Rs

[ATUALIZADO] Mudbound terá sua estreia nacional em breve, distribuído em salas de cinema pela Diamond Films.

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.

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