Rebobinando: Meus Vizinhos são um Terror (1989)

Rebobinando: Meus Vizinhos são um Terror (1989)

Quem consegue não gostar de Tom Hanks não é mesmo? Você pode conhecê-lo por vários papéis sérios e dramáticos como Filadélfia (1993), Forrest Gump (1994) ou mesmo O Resgate do Soldado Ryan (1998), mas a verdade é que no começo de sua carreira o ator protagonizou uma série de comédias escrachadas, como os famosos Splash – Uma Sereia em Minha Vida (1984) e Um Dia a Casa Cai (1986). O Rebobinando de hoje traz pra você uma das comédias mais piadistas dos anos 80, que embora não seja tão conceituada, vale a pena ser conferida! Estamos falando de…

MEUS VIZINHOS SÃO UM TERROR (1989)

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Algumas comédias dos anos 80 podem não parecer tão engraçadas vistas nos dias atuais, porém nesse filme isso não acontece. As piadas atemporais e as atuações precisas dão à obra uma originalidade aplaudível, que com a boa direção de Joe Danta garante a platéia momentos inesquecíveis. O mais legal é que o filme não se restringe à comédia, alterando também entre ótimas cenas saturadas de suspense e aventura, o que torna a história uma perfeita atração para se ver com a família em um sábado ensolarado.

O enredo se passa em um bairro tipicamente americano, quando os novos vizinhos mudam-se para a casa próxima de Ray Peterson (Tom Hanks) e ele nota algo de errado. Os novos moradores são realmente estranhos: ninguém nunca os vê, a casa deles é uma grande bagunça e durante a noite ouvem-se barulhos suspeitos vindo do porão. A única coisa que se sabe é que se chamam Klopeks. Até que um dia um velhinho da redondeza desaparece, e de repente todos começam a suspeitar dos novos e estranhos vizinhos, fazendo com que a vizinhança comece a investigar cada passo dos esquisitos Klopeks.

O roteiro escrito por Dana Olsen é recheado de improváveis situações que arrancam risos com simplicidade, além de diálogos férteis responsáveis por cenas divertidíssimas. Há também o ambiente muito bem explorado da vizinhança, uma vez que o filme todo ocorre por ali, deixando tudo muito mais interessante. Trabalhar com um cenário reduzido é para poucos, e deve ser reconhecido pelo público, inclusive na atualidade, onde vemos cada vez mais filmes com incontáveis locações. Outro ponto positivo da obra são os vários personagens apaixonantes, cheios de carisma, que se caracterizam por suas atitudes irresponsáveis e hilariantes, provando-se notáveis e de raras personalidades. A melhor parte é que esses personagens são interpretados por cômicos  atores como Bruce Dern, Carrie Fisher, Rick Ducommun, Corey Feldman e Henry Gibson. Obviamente Tom Hanks também se mostra um ótimo intérprete, como sempre, deixando sua espontaneidade agir por si só, o que define a maioria de suas memoráveis representações.

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Como dito anteriormente, o filme todo se passa na mesma rua, fazendo com que a vizinhança em si se torne uma espécie de personagem próprio, uma unidade de lugar, o que só ajuda na identidade da obra. A narrativa constrói um clima interessante, convidando o espectador a adentrar na busca dos personagens, e isso tudo apenas determina o equilibrio do filme, e assegura que o espectador não tenha a mínima ideia de como o filme vai se resolver.

A direção de arte junto com a paleta de cores quentes, estabelece uma harmonia no exterior da vizinhança que contrasta claramente com as cores frias e a atmosfera sombria da casa dos Klopeks, que são identificados como os supostos vilões da trama. A trilha sonora também é satisfatória, encaixando notas jocosas se alterando com acordes que denotam ansiedade e medo, de maneira a auxiliar explicitamente toda a condução da trama, que é precisa e pode ser apreciada por qualquer um que se atenha aos acontecimentos marcantes do filme.

É possível retirar dessa produção um questionamento válido de como nossas preocupações e atitudes impensadas são capazes de resultar em circunstâncias constrangedoras que nem podíamos imaginar. Ainda que as interpretações do filme possam ser pessoais, uma vez que o final inusitado agrada nossas expectativas.

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As comédias escrachadas sempre foram muito apreciadas pelo público, e com certeza essa é uma obra que se enquadra em todos requisitos do gênero. Meus Vizinhos São Um Terror é o filme ideal para se assistir com uma pipoca no colo e uma bebida na mesa.

João Pedro Accinelli

Amante do cinema desde a infância, encontrou sua paixão pelo horror durante a adolescência e até hoje se considera um aventureiro dos subgêneros. Formado em Cinema e Audiovisual, é idealizador do CurtaBR e co-fundador da 2Copos Produções. Redator do Cinematecando desde 2016, e do RdM desde 2019.