Critica: O Homem Que Viu o Infinito
Como um jovem indiano apaixonado por números consegue deixar o subúrbio de seu país e contribuir para a evolução da matemática como conhecemos hoje, ajudando até nas pesquisas sobre buracos negros? E tudo isso no início do século passado. Esta é a cativante história – baseada em fatos reais – de Ramanujan, interpretado por Dev Patel (Quem Quer Ser Um Milionário), um entusiasta tão engajado que teve suas qualidades reconhecidas por grandes matemáticos de sua época.
Ramanujan iniciou seus estudos como um autodidata na cidade de Madras. Sua paixão por números o levou a enviar uma carta, contendo suas teorias, ao professor e matemático inglês G.H. Hardy – interpretado por Jeremy Irons (Batman vs. Superman). Abismado com as descobertas do jovem, Hardy convida Ramanujan para a Universidade de Cambridge, criando um grande laço de afeto entre os dois. Algo na linha da relação entre pai e filho, e aluno e professor. Pelo seu espírito efervescente, e pela inocência de um imigrante no primeiro mundo, Ramanujan passa por diversas dificuldades para que sua pesquisa ocupe um lugar de importância no portfólio de Cambridge.
A relação entre Ramanujan e Hardy nem sempre é fácil. Apesar de suas habilidades indiscutíveis, o jovem indiano não consegue prová-las com clareza. Hardy tenta demonstrar a importância da prova de suas teses para que, um dia, Ramanujan ocupe um lugar de importância na história da faculdade. Este, por outro lado, acredita que não há necessidade de comprovação, como se a matemática fosse uma manifestação divina. Trata-se do ponto alto da história, que consegue criar um drama acadêmico coeso e muito interessante. Ramanujan também vive uma história de amor com Janaki, interpretada por Devika Bhise. Para cruzar o oceano e revelar sua arte ao mundo, o jovem precisa abandonar sua esposa, prometendo que, um dia, irá retornar.
O filme foi elogiado por matemáticos pela autenticidade. Todos os personagens realmente viveram a história, que foi ilustrada pela primeira vez no livro de mesmo nome de Robert Kenigel, em 1991. A obra também foi destaque nos Festivais de Singapura, Dubai e Zurique. O Homem Que Viu o Infinito é um drama acadêmico inspirador que mostra com proeza como a genialidade pode florescer até nos lugares mais inusitados da terra.