Crítica: Easy (1ª temporada)
Você gosta de comédias românticas que tratam de diversos assuntos atuais, sendo compostas por atuações e diálogos extremamente naturais? Easy chega como mais uma ótima atração original Netflix, e procura atingir um público não muito convencional. Apesar de não possuir uma missão em transmitir alguma lição, a série pode ser apreciada por aqueles que curtem boas histórias junto a um roteiro surpreendentemente realista.
A série passou a ser divulgada junto ao nome de Orlando Bloom, um dos atores (provavelmente o mais famoso), e também junto ao nome do diretor e roteirista Joe Swanberg. Porém, ela é visivelmente bem mais que apenas uma série apoiada em alguns nomes que reforçam sua qualidade, pois elabora de forma clara questões recorrentes em relações amorosas, proporcionando ao público uma imediata identificação com o conteúdo humorístico e temático.
Numa pegada meio Love (que possui um de seus episódios escrito por Joe Swanberg), série que possuimos uma crítica (clique aqui para ler), a nova série Easy se enquadra no crescente estilo de filmes chamado mumblecore, que se baseia simplesmente em diálogos e atuações naturalistas (muitas vezes improvisadas) e um baixíssimo orçamento, sendo filmados mais comumente em locações caseiras, com iluminação ambiente. Nesta situação, a série se apresenta como um bom divertimento, que traz além de Orlando Bloom, atores já conhecidos como Elizabeth Reaser, Dave Franco, Aya Cash, Malin Åkerman e até comediantes como Hannibal Buress e Marc Maron. Todos sabem representar perfeitamente seus personagens, que embora sejam bem estruturados, possuem em tela muito pouco tempo, já que cada episódio é uma história diferente, com diferentes atores.
Em certos momentos podemos rever alguns personagens de outros episódios anteriores, mas sendo profundamente secundários, quase figurantes, servindo apenas para reforçar o universo do filme, que se passa em Chicago, numa época atual, tecnológica. Mas ainda que a série deixe claro esse espaço compartilhado pelos personagens e estabeleça bem essa relação entre amigos, ela não trabalha em cima de uma narrativa conjunta, apenas enredos separados que expõem conteúdos alternativos.
Esse curioso método de expor a realidade de um jeito caprichoso, torna o diretor e roteirista em um gênio da comédia romântica atual por saber tratar de forma original vários conflitos pessoais de casais que se encontram em algum buraco de suas vidas. Easy é no mínimo interessante, e com pelo menos alguns de seus pequenos contos amorosos ela vai te atrair para dentro de sua história e te fazer esquecer de seus problemas por meia hora.
Os momentos cômicos da série são genuinamente triunfantes, não tendo o objetivo de te fazer “rachar o bico”, mas de simplesmente deixá-lo tão angustiado quanto os personagens em suas circunstâncias desconfortáveis, as quais são seriamente bem traçadas pelo roteirista. No final de alguns episódios, é intrigante que a linha que divide o final agradável e o constrangedor se torna tênue, levando ao espectador um sentimento de dúvida, o que pode ser uma grande qualidade da série por permitir ao público diferentes opiniões sobre a conclusão dos desacordos de cada casal.
Não é preciso muito esforço para compreender a beleza por trás das propriedades da série. Easy procura abordar pontos questionáveis, quebrando o padrão do que é exibido normalmente em séries e filmes, criticando aspectos vigentes como a hipersexualização da mulher, além de ótimos temas como a privacidade pessoal, a definição de arte, a confiança no relacionamento, as diversidades no término do namoro ou casamento, os papéis do homem e da mulher na nova sociedade e suas influências no ato sexual, e vários outros.
Em geral, a série busca fugir dos clichês e trazer uma dose incrível de realismo até então pouco vista em produções atuais. Conta somente com 8 episódios, que duram 30 minutos cada.
https://www.youtube.com/watch?v=bc5tCbBiZ8w
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