Crítica: Minha Mãe é uma Peça 2
Depois de levar 4,6 milhões de brasileiros ao cinema, o ator Paulo Gustavo retorna ao papel mais icônico de sua carreira: o de Dona Hermínia, a mãe superprotetora e irreverente que sempre diz o que pensa e que conquistou muitos fãs ao redor do Brasil.
Nesta sequência do filme de 2013, Dona Hermínia é uma famosa apresentadora de TV e dá dicas sobre maternidade em seu programa. Está rica, mudou de endereço, é avó, mas sua essência continua a mesma; ela continua falando seus palavrões de sempre e não liga para o que os outros pensam. Mas principal, claro, é que ela sente uma necessidade imensa de cuidar de seus filhos que só lhe dão trabalho: Marcelina (Mariana Xavier), que decide ser atriz, e Juliano (Rodrigo Pandolfo), que se descobre bissexual. A partir dessas informações, sua vida vira de cabeça para baixo, pois Hermínia realmente vive em função de seus filhos e, mesmo brigando com eles o tempo todo, nunca imaginou vivendo longe deles – por mais que ambos já sejam adultos.
O risco de repetição em relação ao primeiro filme era grande, mas não é o que acontece em Minha Mãe é uma Peça 2. A dose dramática está mais forte aqui, e a atuação de Paulo Gustavo – que está mais para uma caricatura de sua própria mãe, a inspiração para todo este projeto -, continua divertida e sobretudo convincente. Milhares de mães de todo o país se identificaram com a personagem em 2013, e com certeza se identificarão mais ainda nesta sequência. É nesse ponto que reside o ponto alto do filme: a realidade dos sentimentos, receios e sonhos de uma mãe, como qualquer outra. A naturalidade com que Paulo Gustavo encarna Hermínia é surpreendente (e vale lembrar que ele novamente atua como roteirista também).
Já o grande problema de Minha Mãe é uma Peça 2 é a falta de força nos inúmeros arcos que ele possui. Tirando a parte da insegurança de uma mãe que está vendo seus filhos se tornarem realmente independentes, e a bela relação de Hermínia com sua tia, todo o resto soa vazio e incompleto, sem início, meio e fim. A vinda de sua irmã de Nova York é um bom exemplo de desperdício de uma personagem e de várias situações.
Mas, já que o filme tem como sustentação o carisma de Paulo Gustavo, as piadas continuam sendo engraçadas, mesmo que sirvam como uma maneira de fazer o espectador “se esquecer” dos arcos que começam e não chegam a terminar de maneira digna.
Igualmente seu antecessor, Minha Mãe é uma Peça 2 sem dúvidas provocará risos e, principalmente, emoções nas mães. A conclusão do filme, inclusive, é interessante e possui muito potencial. Caso a franquia continue a ser rodada, no entanto, será preciso dinamizar a história com mais força e dar um quê de novidade, pois mesmo que possua uma qualidade técnica acima da média, isso não será o suficiente para evitar que Dona Hermínia e suas aventuras caiam no esquecimento.
FICHA TÉCNICA
Direção: César Rodrigues
Roteiro: Fil Braz e Paulo Gustavo
Elenco: Paulo Gustavo, Rodrigo Pandolfo, Mariana Xavier, Patricya Travassos, Alexandra Richter, Suely Franco
Produção: Iafa Britz
Produção Executiva: Camila Medina
Direção de Produção: Roberta Oliveira
Direção de Fotografia: João Pádua
Direção de Arte: Rafael Targat