Crítica: Sing – Quem Canta Seus Males Espanta
Por Rodrigo Fabretti
Após o filme Pets – A Vida Secreta dos Bichos, a Illumination voltou seu foco para o “mundo animal”. Só que, desta vez, ao invés de mostrar o cotidiano dos cães enquanto seus donos estão fora, o estúdio levou todos os animais para o palco de um teatro.
Com diversas histórias que exibem elementos de perdas, superação e esperança, Sing – Quem Canta Seus Males Espanta é um filme que carrega uma mensagem importante: a de que, independentemente dos obstáculos impostos no caminho, sempre podemos alcançar nossos objetivos.
Apaixonado por teatro, e principalmente pelo seu, o coala Buster Moon tem em seu currículo diversos espetáculos que falharam. Essa situação fez com que seu antigo teatro ficasse ao ponto de fechar as portas e, para tentar mantê-lo ativo, Mr. Moon organiza uma competição para descobrir novos cantores. Porém, depois de um erro de digitação no valor do prêmio (que o aumentou bastante!), muitos animais são atraídos para a audição a fim de tentarem ganhar a competição e o “grande” prêmio. Junto a diversos aspirantes a artistas, Ash, Johnny, Meena, Mike, Rosita e Gunther também são atraídos para a recompensa e para mostrarem seu talento.
Uma das melhores coisas do filme é o desenvolvimento de seus personagens. Com exceção de Gunther, um porco que é apaixonado por Lady Gaga mas que aparece meio que de supetão, todos têm suas histórias bem contadas. Isso faz com que o espectador crie empatia com uns – ou não goste tanto de outros.
Ash é uma porco-espinho roqueira com talento, mas que é ofuscada por seu namorado. Johnny, um gorila, é filho de um chefe de gangue que vê na música uma possível saída para a sua vida de assaltos. Tímida, mas com um potencial incrível para a música, Meena é uma elefante adolescente que conta principalmente com o apoio de sua família para seguir a carreira de cantora. Mãe de diversos porquinhos, Rosita é a dupla de Gunther e utiliza a música como escape para a vida de dona de casa. Fã de jazz, o ratinho Mike só pensa em dinheiro e fama, mas também tem muito talento quando o assunto é música.
Um show à parte é, sem dúvidas, a trilha sonora. Com músicas que vão de Frank Sinatra à Nicki Minaj, e depois Whitney Houston e Fifth Harmony, Sing mistura diversas músicas conhecidas, sendo impossível que tenha ao menos uma música que você não goste, ou que não comece a cantar no junto durante a sessão. Sem contar que grandes preciosidades da música, como Under Pressure, também participam da trama.
Outro ponto positivo é o trabalho de animação. Em vários momentos é possível ver detalhes visuais que mostram o quão cuidadosa foi a produção e desenvolvimento do filme. Um dos maiores exemplos são as cenas com Buster, pois, ao olhar atentamente, você consegue ver e até de certa forma contar fio por fio no rosto do coala.
Enquanto na versão original os personagens ganharam as vozes de Matthew McConaughey, Scarlett Johansson, Reese Witherspoon e Seth MacFarlane, a dublagem brasileira contou com Mariana Ximenes (Rosita), Sandy (Meena), Marcelo Serrado (Gunther), Fiuk (Johnny) e Wanessa Camargo (Ash).
Com um provável easter egg de Crepúsculo dos Deuses (1950), Sing – Quem Canta Seus Males Espanta tem uma história bem contada e redonda, mas deixa algumas pontas soltas e dúvidas – talvez preparando terreno para uma sequência. É merecido o elogio da produção para a profundidade dada aos seus principais personagens, tornando todos muito carismáticos . Ao final de cerca de um pouco mais de uma hora e meia de filme, você sai da sala de cinema sabendo que pode ter visto, junto a Zootopia, da Disney, uma das melhores animações de 2016.
FICHA TÉCNICA
Direção: Garth Jennings, Christophe Lourdelet
Roteiro: Garth Jennings
Montagem: Gregory Perler
Música: Joby Talbot
Estúdio: Hammer & Tongs, Illumination Entertainment, Universal Pictures
Produção: Christopher Meledandri
Elenco: Matthew McConaughey, Scarlett Johanson, Taron Egerton, Reese Witherspoon, Seth MacFarlane, John C. Reilly, Leslie Jones, Jennifer Hudson, Tori Kelly, Nick Kroll, Nick Offerman, Garth Jennings, Jennifer Saunders