Crítica: Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith
Tudo que o Episódio I e Episódio II falharam em termos de roteiro e atuações, o Episódio III acertou – e acertou de mão cheia, saltando vários quilômetros de qualidade. É basicamente assim que posso resumir A Vingança dos Sith. Mas como não irei resumir o que penso deste ótimo filme, lá vai…
Como abordar o início da história de um dos maiores vilões da ficção? Como desenvolver a passagem de Anakin Skywalker para o lado negro da Força de forma satisfatória? Essas eram as questões feitas na época em que as prequels foram anunciadas. Como os filmes anteriores não foram tão elogiados como o esperado, o Episódio III tinha a difícil missão de conquistar o coração dos fãs não só por ser Star Wars, mas por tratar justamente dessas questões que falei logo acima. E não é que George Lucas conseguiu essa proeza como diretor? Corrigindo seus erros do passado e fechando as prequels com chave ouro para ninguém colocar defeito, A Vingança dos Sith é um dos filmes mais emocionantes de toda a franquia, e até arrisco dizer: é um dos melhores também, se equiparando aos filmes da trilogia original. E aposto que muitos fãs pensam como eu.
Três anos após o início das Guerras Clônicas, o Conselho Jedi dá a Obi-Wan Kenobi a missão de matar o General Grievous, que é líder do exército separatista. Ao mesmo tempo em que Obi-Wan viaja, Anakin Skywalker se aproxima cada vez mais do Chanceler da República Palpatine, sem saber que, na verdade, o Chanceler é um Lorde Sith, mentor de Conde Dooku. A tensão começa logo no início do filme, quando Anakin executa Dooku a mando de Palpatine, afinal, todo Sith precisa de um aprendiz e Palpatine viu potencial no jovem Skywalker. No decorrer do filme, vemos um Anakin muito mais perturbado e confuso, principalmente depois de descobrir que sua esposa Padmé está grávida. Além do casamento dos dois ser mantido em segredo, Anakin passa a ter sonhos onde ela morria no parto. Com receio de perder a mulher que ama e ao mesmo tempo inconformado com algumas atitudes do Conselho Jedi, Anakin busca conselhos com a única pessoa que se sente à vontade para contar seus segredos: Palpatine, que aproveita sua dor e raiva para alimentá-lo com a força do lado negro. Infelizmente, Anakin, cego de desejo pelo poder de “salvar” Padmé, acaba cedendo e se torna Darth Vader, culminando na morte de Padmé, na extinção dos Jedi e em uma guerra sem fim pela galáxia.
O fim da trilogia de prequelas fechou todos os pontos e aproveitou detalhes importantes para conectar-se diretamente com a trilogia original. A melhora entre o Episódio II e III é praticamente gritante quando analisamos a exibição dos fatos, o desenvolvimento das tramas e a amarração delas: Anakin e todo o seu arco dramático, Obi-Wan e a agonia de ver seu padawan se corrompendo, Yoda, os Jedi, os gêmeos, e toda a questão política. Tudo é muito bem abordado, tudo tem seu devido tempo e espaço. O clima que pode definir esse filme é o de tristeza, despedida e dor; exatamente tudo aquilo que o Império criou nos longos anos em que governou a galáxia.
Hayden Christensen, intérprete de Anakin, está muito mais a vontade em seu papel e surpreende com uma atuação que exibe, com maestria, o entendimento da origem de Darth Vader. A força em suas palavras e olhares dão todo o peso necessário para o espectador sentir sua dor, suas perdas e seus medos. É triste ver o quanto ele foi manipulado por Darth Sidious (Palpatine), ao mesmo tempo em que é possível entender sua motivação, pois Anakin já havia perdido sua mãe tragicamente e tinha medo de perder o grande amor de sua vida. Já Ewan McGregor mostrou-se o ator perfeito para interpretar o grandioso Mestre Kenobi. Realmente não há ninguém que pudesse transferir tanto sentimento para um personagem tão importante nesta mitologia, e que homenageia toda a majestosidade de Sir Alec Guinness.
As cenas de luta eram as mais aguardadas e realmente são muito bem executadas e emocionantes. Os destaques ficam para o duelo de Obi-Wan contra Lorde Grievous (um vilão tão real que por vezes não parece que foi feito por computador) e, é claro, o icônico duelo entre Anakin e Obi-Wan em Mustafar, planeta vulcânico que fez com que Anakin/Darth Vader começasse a usar seu traje clássico. Esses duelos já teriam força suficiente para se manterem sozinhos, mas obviamente eles têm muito mais impacto com a verdadeira preciosidade que é a música de John Williams. Acredito que a trilha sonora deste filme seja a que possui mais sentimento, especialmente durante a luta em Mustafar (o nome da música é Anakin vs. Obi-Wan e eu até vou deixar o link da música para você ouvir e relembrar a força que ela possui).
E falando em sentimento… É difícil não se emocionar a partir de quando Anakin obedece a Ordem 66, que é sinônimo de executar todos os Jedi, matando aqueles que estavam no Templo – incluindo crianças. Naquele momento, vemos o quão cego Anakin está achando que pode salvar Padmé. Depois do tenso duelo contra Obi-Wan, o que George Lucas faz é literalmente encher as cenas de emoção (e isso também inclui muita tristeza, mesmo para aqueles que já conhecem a história e a assistiram repetidas vezes). A cena em que Darth Vader “nasce” em seu traje preto, respira pela primeira vez e diz suas primeiras palavras naquela voz tão conhecida já pode ser considerada como clássica. Tudo se encaixa e tudo já era esperado, mas mesmo assim impressiona. Ben Burtt, montador do filme, fez um trabalho digno de aplausos neste capítulo em vários momentos, mas principalmente ao estabelecer a ligação de cenas entre Padmé dando a luz aos gêmeos Luke e Leia no mesmo momento em que Anakin morria e Darth Vader nascia.
E se ainda assim tiver algum fã que ache que falta algo de especial em A Vingança dos Sith, que tal assistir novamente à cena final, quando os dois sóis em Tatooine se põem enquanto o pequeno Luke Skywalker está no colo de sua tia Beru – exatamente no mesmo local em que, anos mais tarde, refletiria pensando no que poderia existir além de seu planeta natal? É, George Lucas, dessa vez não faltou nada.
FICHA TÉCNICA
Direção: George Lucas
Roteiro: George Lucas
Elenco: Anthony Daniels, Ewan McGregor, Genevieve O’Reilly, George Lucas, Hayden Christensen, Ian McDiarmid, Joel Edgerton, Natalie Portman, Oliver Ford Davies, Peter Mayhew, Rebecca Jackson Mendoza, Rena Owen, Robert Cope, Rohan Nichol, Samuel L. Jackson, Sandi Finlay, Silas Carson, Steven Foy, Temuera Morrison, Trisha Noble, Tux Akindoyeni, Warren Owens, Wayne Pygram
Produção: Rick McCallum
Fotografia: David Tattersall
Montador: Ben Burtt, Roger Barton
Trilha Sonora: John Williams
Duração: 140 min.
Ano: 2005