Crítica: Colossal
Kaijus, dramas pessoais e uma heroína nada convencional. Essa é a fórmula usada por Nacho Vigalondo em Colossal, cujo roteiro original pode ser considerado como uma exceção à regra se compararmos aos longas que são lançados aos montes todo o ano. De vez em quando, algo fora dos padrões vai bem, não é verdade?
Pois bem. Colossal é toda essa mistura de elementos que dá mais do que certo no final. A trama centra-se em Glória (Anne Hathaway, que desde Os Miseráveis precisava de um papel marcante), uma mulher comum que volta para sua cidade natal após perder o emprego e o namorado. Junto com seu retorno, porém, uma série de relatos de que uma criatura gigante está destruindo Seoul (na Coréia) começam a aparecer.
O que uma coisa tem a ver com a outra? Tanto Glória quanto o espectador demoram para entender tudo, mas todo o processo pelo qual a protagonista passa até ligar os pontos é extremamente divertido de acompanhar. Esse período específico de sua vida não está sendo nada fácil e é somente na bebedeira que ela se sente bem – ainda mais na companhia de seu amigo de infância Oscar (Jason Sudeikis), que até lhe proporciona um emprego… em seu bar.
Tanto Anne quanto Jason estão ótimos em seus papéis. Ela realmente se dá bem interpretando pessoas que têm como principal ponto o autoconhecimento, e ele se mostra tão natural que até parece que nem está atuando. Em resumo, a impressão que fica é a de que ambos se ajudam a melhorar suas performances graças a ótima química que possuem em tela. Mas o elemento mais incrível do longa é o roteiro! O modo em que ele trabalha não só a questão do monstro em Seoul, mas também o lado pessoal de ambos os personagens, é de um talento singular. Você pode assistir a esse filme e categorizá-lo como um longa de ação, comédia ou até mesmo uma sátira a estes gêneros, mas, na verdade, a dose dramática também se mostra muito presente.
Colossal passeia por meio de temas como relacionamentos, arrependimentos e medos. É um filme sobre escolher o que você quer ser para o resto de sua vida e saber que uma hora ou outra, vai arcar com todas as consequências de tal escolha. Glória pode ser vista como uma heroína por vários ângulos, não só pelo fato dela estar ligada a um Kaiju. Então, é bem interessante acompanhar sua trajetória e torcer a seu favor, até porque também a vemos como uma pessoa frágil, cheia de de defeitos e que está em busca de ser alguém melhor.
O bar de Oscar é palco para algumas das melhores cenas do longa. Diversos diálogos e divagações que permeiam por aquele local são excelentes e dão ênfase para o lado dramático de uma história que, inicialmente, deve prender o espectador por ter monstros gigantes (aliás, um filme como esse seria hit imediato se fosse lançado nos anos 90!).
Colossal é uma grata surpresa. Simples e complicado, sutil e poderoso, o longa cativa e envolve justamente por ser tão fora da caixa. Sem dúvidas, precisamos de mais filmes assim.
Colossal estreia em 15 de junho no Brasil.
FICHA TÉCNICA
Direção: Nacho Vigalondo
Roteiro: Nacho Vigalondo
Elenco: Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Austin Stowell, Tim Blake Nelson, Dan Stevens