Teen Wolf: Um triste adeus

Teen Wolf: Um triste adeus

É difícil começar a escrever esse artigo. Teen Wolf começou lá em 2011 e terminou há algumas semanas em sua sexta temporada, mas o que falar de uma season finale tão decepcionante? É interessante ressaltar em como nos últimos meses, séries voltadas para o público teen têm gerado finais sem muitas expectativas. Pretty Little Liars está aí para contar a história.

Mas, sem mais delongas, a contextualização se mostra necessária: Teen Wolf é uma série que conta a história de Scott McCall (Tyler Posey), um garoto de 16 anos que é mordido por um lobisomem e acaba se tornando um. Sua vida vira um verdadeiro caos com as transformações e os dilemas que o personagem é obrigado a enfrentar. E é nesse contexto que o telespectador se vê inserido.

A série tinha tudo para dar certo, mas, com a saída do par romântico de Scott, Allison Argent (Crystal Reed), no último episódio da terceira temporada, as coisas pareceram começar a desandar. Não digo só para a vida amorosa do personagem principal, mas em relação ao roteiro que parece ter perdido força. Talvez, os diretores não souberam dar continuidade e manter a atenção do público. Talvez, a série deveria ter terminado ali. Talvez.

A quarta temporada inseriu novos personagens como Malia Tate (Shelley Henning), Kira Yukimura (Arden Cho), Theo Raeken (Cody Christian) e o Liam Dunbar (Dylan Sprayberry). Todos trouxeram uma dinâmica totalmente diferente para o seriado, o que inevitavelmente acabou por suprir o roteiro sem sentido do diretor Jeff Davis. Essa impressão foi causada pelo atropelamento das sequências anteriormente já iniciadas, como por exemplo a interrupção brusca do casal Lydia Martin (Holland Roden) e Stiles Stilinski (Dylan O’Brien) e até a imposição de alfa do próprio líder do bando Scott McCall.

Salvo algumas cenas em que o diretor parece tentar retomar o tom sombrio instaurado nas primeiras temporadas, finalmente, em sua quinta temporada, a série parece conseguir um respiro. Ela traz de volta aquele tom sombrio e começa a se aprofundar mais em seus personagens, demonstrando a preocupação do diretor; produtor executivo e criador da série Jeff Davis.

Confesso que fiquei surpresa em como a personagem Lydia conseguiu ter força e importância na narrativa. A evolução e a incorporação de Holland com sua personagem são fatos que chamaram a atenção (principalmente na quinta temporada). No quinto ano do seriado foi possível entender um pouco mais, não só sobre os poderes dela (ela é uma Banshee), como o dos outros seres sobrenaturais que vinham aparecendo. A partir daí, Teen Wolf começou a estagnar.

Durante seis anos, o telespectador pôde acompanhar a transição de Scott de beta para alfa genuíno (um líder de um bando de lobos que merece se tornar um e não precisa matar outro alfa para ter esse poder); a inserção de novos seres sobrenaturais ao seu bando e até sua primeira mordida em um humano. Mas, toda essa “caminhada” parece não ter sido respeitada, pois no final nenhum tipo de conclusão para sua história foi oferecida.

O último episódio começa de trás para frente. Sim, o último episódio. A tensão da possível morte do alfa genuíno Scott McCall é totalmente quebrada. A trama ganha a voz de narrador-personagem de Scott, contando a história de seu bando para um personagem anônimo (um menino lobo de 16 anos que fugia de caçadores). A quebra de ritmo foi tão brusca que aposto que alguns fãs checaram duas vezes para conferir se estavam assistindo Teen Wolf mesmo.

Após isso, o seriado entra em modo flashback e alguns fatos são jogados e continuados, como: a aparição dos personagens Jackson Whittemore (Colton Haynes) e Ethan (Charlie Carver) e  a conclusão do recente (forçado) romance engatado de Malia e Scott.

As lutas foram o ponto alto do episódio, principalmente a de McCall contra o vilão da temporada, anuk-ite. Pois além de bem feita foi possível ver a representatividade do líder que não víamos há algum tempo. Contudo, infelizmente, nos direcionando para o final, algumas questões pareceram não ficarem claras como: o porquê da volta de Kate Argent (Jill Wagner), tia de Allison e principalmente falta do tal confronto final.

Talvez, o pior erro de toda a história da série foi ter tentado se resolver nos últimos quatro episódios. O que não faz sentido, pois todos já sabiam desde o painel da Comic Con em San Diego em 2016 que seria o último ano da série e nada foi preparado para se deixar um legado.

Outros pontos que chamaram a atenção e vale prestar atenção foi o desenvolvimento dos personagens Liam e Malia.  No caso do beta, o mesmo participou de momentos decisivos para que o enredo se desenrolasse e na de Malia, a interessante construção de relação pai e filha construída com seu pai, Peter Hale (Ian Bohen).

O empenho da equipe em produzir um show de qualidade é facilmente notado, mas a tristeza pelo decepcionante final acaba deixando uma certa decepção. Todavia, a gratidão prevalece.  Após uma história cheia de mistérios e surpresas dos seres sobrenaturais de Beacon Hills, nós, fãs, nos despedimos do famoso lobo adolescente. Até mais, Teen Wolf.

Mayara Zago