Achados e Perdidos: 3 dicas de Novembro
Bem-vindos novamente aos Achados e Perdidos, onde cobrimos, ao fim de cada mês, filmes, séries e demais que tenham passado longe de nosso radar cultural ou que não tivemos chance de recomendar antes. Essas são as nossas dicas de Novembro!
Escolas em Luta (2017)
por Caio Lopes
Tive a oportunidade de assistir a esse documentário em uma pequena mostra de cinema realizada no Teatro Heleny Guariba. É um panorama em ordem cronológica das ocupações de diversas escolas estaduais ocorridas em 2015, em protesto dos alunos contra a reorganização que seria implantada. Eduardo Consonni, Tiago Tambelli e Rodrigo Marques são os diretores creditados, mas como afirmado em um debate posterior, seus verdadeiros realizadores são os secundaristas, que registram o ambiente interno das escolas ocupadas e o cotidiano de subsistência, no qual os jovens exerciam até mesmo a função de zeladores, esfregando chãos e lavando banheiros.
Apesar de composto majoritariamente de imagens captadas em celulares, com baixa qualidade, o registro não deixa de ser fascinante. Há quem sinta falta de uma contextualização política mais aprofundada, mas o filme está desde o início comprometido a mostrar a perspectiva dos jovens estudantes que viram sua realidade diária transformada completamente diante de seus olhos. Em um trecho especialmente marcante, uma aluna atesta que, antes da tal situação, não era tão capaz de perceber seus colegas e outros alunos da mesma escola, mas agora que lutam por seus direitos, identificam-se uns com os outros, encontrando semelhanças que não imaginavam ter. Há uma série de momentos assim que reforçam: essa não é uma galera a se subestimar.
Escolas em Luta será exibido neste próximo sábado, 02/12, às 17h no Cinesesc. Não percam!
Gaga: Five Foot Two (2017)
por Giovanna Arruda
No documentário original da Netflix sobre a Lady Gaga lançado em setembro, podemos ver os dramas da vida da cantora (como a doença que a impediu de vir ao Rock in Rio deste ano), rotina puxada, vida pessoal, bastidores do seu tão comentado show no intervalo do Super Bowl e todo o processo de produção do seu último álbum, Joanne. A produção tem uma missão clara: reposicionar a artista perante ao seu público, quebrar a imagem que foi construída ao longo dos anos de uma Lady Gaga caricata e apresenta-la como mais humana e palpável, o famoso gente como a gente.
O fato do documentário ter sido feito com a intenção de divulgar a cantora não afeta a qualidade da produção, repleto de imagens bonitas e delicadas que são intercaladas com as dificuldades do dia a dia e depoimentos emocionantes e relevantes. Todo o trabalho da equipe de edição para construir o produto final com a narrativa que tem, merece parabéns. Ao final de mais de 1h30, você sai respeitando mais a Stefani Germanotta (nome verdadeiro da cantora) como profissional e artista, mesmo que não goste tanto de suas músicas.
Gaga: Five Foot Two está disponível na Netflix.
The Keepers (2017)
por Letícia Piroutek
Nos últimos meses se tem falado muito de abuso sexual em Hollywood, o que acho essencial, é um assunto dolorido de se falar para todos: para quem já sofreu e para quem simpatiza ou conhece alguém que já passou pela situação. Por mais difícil que seja de assistir, The Keepers é um dos diversos documentários da Netflix que mais me marcou em 2017.
A história gira em torno do assassinato da freira Cathy Cesnik nos anos 70, quanto mais os episódios vão passando mais nos prendemos a história e vemos o quão fundo o buraco realmente vai. É impossível não se emocionar com os depoimentos das alunas de Cathy, que tinham um carinho imenso por ela. A série documental é realmente muito pesada e descreve situações de abuso sexual em detalhe, então se isso é um “trigger” para você, fica aqui o aviso.
The Keepers está disponível na Netflix.