Crítica: Master of None – 2ª temporada

Crítica: Master of None – 2ª temporada

Nunca fui muito fã do comediante Aziz Ansari. Tinha um papel simpático na série Parks and Recreation, alguns especiais de stand-up decentes, mas nada me fazia considerar o indiano uma grande promessa cômica. Até que, em novembro de 2015, a Netflix pegou todos de surpresa com a série Master of None. Não só se tratou de um sucesso de crítica, mas também uma ganhadora do Emmy no ano seguinte. Seus fãs, infelizmente, tiveram de esperar mais de um ano para novos episódios, mas cá estou em 2017, sentindo-se gratificado pela 2a temporada da série, que estreou nesta última sexta-feira (12).

Somos reintroduzidos ao protagonista Dev (Ansari), agora vivendo na pequena cidade italiana de Modena, onde pratica sua habilidades com massas. O gracioso primeiro episódio, filmado em um belíssimo P&B, logo nos lembra da primazia de Ansari e seu co-criador Alan Yang como roteiristas. Falado quase que inteiramente em italiano, o capítulo apresenta também ótimos rostos novos, como a amiga Francesca (Alessandra Mastronardi) e o fofíssimo Mario (Nicoló Ambrosio). Este é um novo começo, que traz o bastante para justificar a existência de novos conflitos e dúvidas na vida de seu protagonista.

De volta à cor, o segundo episódio traz a volta do fantástico Eric Wareheim (da série Tim and Eric) como o melhor amigo de Dev, Arnold. O capítulo traz ótimos momentos de comédia física e também hilárias constatações sobre casamento e a febre dos aplicativos de relacionamento. Último capítulo ambientado em Modena, guarda um final inusitado e curioso que introduz o público ao novo emprego de Dev em Nova York como apresentador de um programa de cupcakes, no estilo de um Cake Boss, apenas com mais convidados peculiares.

A partir daqui, a série volta à sua zona de conforto, na metrópole. Rostos familiares e queridos têm seu retorno, como a ótima Denise (Lena Waithe), os pais de Dev (Shoukath e Fatima Ansari) e o amigo de infância Brian (Kelvin Yu). Há também diversos novos coadjuvantes, como o sempre carismático Bobby Cannavale no papel de Chef Jeff, novo parceiro profissional de Dev, e a icônica Angela Bassett encarnando a mãe de Denise.

Falando em coadjuvantes, esta segunda temporada traz surpreendentes trocas de perspectiva, esboçando com mais detalhes o ambiente à volta de Dev. Mais especificamente o sexto episódio, que alcança o puro brilhantismo com sua estrutura imprevisível, inclusive em termos técnicos. Além disso, na moda do excelente nono episódio de sua primeira temporada, Mornings, voltam os capítulos confinados a espaços específicos, como o belíssimo Thanksgiving, co-escrito pela própria Lena Waithe, que detalha períodos da vida de Denise enquanto esta se descobria uma jovem lésbica, além de sua duradoura amizade com Dev.

Sem entregar muito de suas surpresas, pode-se dizer que esta segunda temporada de Master of None é bastante reminiscente de sua predecessora, em estrutura e ambições. Isso, porém, não figura como um problema, pois assim como a vida milenial que a série explora, há sempre pequenas mudanças de rumo que trazem aprendizados e até mesmo decepções, mas que, no final das contas, não ferem nosso anseio por conexão humana. Você pode até não ser fã de Aziz Ansari, mas depois de duas espetaculares temporadas de Master of None, com certeza vai querer ser Best Food Friends com o sujeito.

https://www.youtube.com/watch?v=yZTo7U1GoWs

Todos os 10 episódios da 2a temporada já estão disponíveis na plataforma de streaming Netflix.

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.

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