Crítica: Orange is the New Black (5ª temporada)
Na sexta-feira, dia 09, chegou na Netflix a tão esperada 5ª temporada de Orange is the New Black! A série se popularizou pelo público LGBT e também por tratar assuntos que interessam aos Direitos Humanos.
Após o fim da 4ª temporada ser considerado um dos mais tensos e ter garantido uma audiência ansiosa para saber se Daya (Dascha Polanco) havia puxado o gatilho ou não, esperava-se um primeiro episódio da nova temporada mais intenso ainda, mas não foi bem o que houve.
A nova temporada impressiona, mas nem tanto; e um dos principais motivos é por saber que a natureza humana não consegue tratar assuntos tão sérios, tais como “o sistema carcerário” ou “violência”, com a devida seriedade. Ou talvez seja por esse motivo que a temporada nos leva à reflexão sobre o sistema precário e danoso presente nas vidas que estão sob o domínio dele, e o quanto cometemos de injustiça. Na essência, este é o verdadeiro motivo pelo qual a quinta temporada existe.
Embora trate de uma maneira mais cômica e leve, OITNB não deixa de criticar aqueles que não possuem consciência do que é uma prisão. Não se trata do quanto as histórias das personagens são romantizadas, mas do quanto de injustiça cometemos e do quanto isso influencia, direta e indiretamente, aqueles que nos rodeiam.
Por mais que a série se perca ao tentar reduzir a proporção da tensão da trama ao focar nas críticas sociais, ela também acaba deixando de aprofundar a história de personagens que ganharam destaque, como Taystee Jefferson (Danielle Brooks), que protagonizou a temporada com maestria mas poderia ser mais aproveitada. Outras personagens, como Sophia (Laverne Cox), também poderiam ser destacadas para preencher as lacunas que faltam na estrutura do roteiro em uma série na qual 13 episódios acabaram não sendo suficientes – até porque não há necessidade de uma sexta temporada pela forma que tomou seu season finale.
Ao invés de dar atenção para as personagens citadas, OITNB cedeu o “protagonismo” para personagens como Leanne (Emma Myles) e Angie (Julie Lake), que atuam como antagonistas e até trazem o alívio cômico por um curto período, mas eventualmente acabam se tornando totalmente dispensáveis, inclusive para dar desfecho a Dogget (Taryn Manning). Piper Chapman (Taylor Schilling) passa longe de ser a protagonista da série no momento, diferente das outras quatro temporadas.
Kenji Kohan (criadora da série) deu destaque à comunidade negra e latina, optando por trazer mais visibilidade a assuntos sérios e relacionando a morte de Poussey Washington (Samira Wiley) com Eric Garner (homem negro assassinado em julho de 2014 por policiais de Nova York por uso excessivo de força). Essa relação fica mais clara em falas das personagem Figueroa (Alysia Reiner), quando esta pede a Taystee confiar no “sistema”. Taystee rebate dizendo que foi o mesmo sistema que “atira em um homem negro porque ele grafitou um muro, ou tentou pegar a chave, ou vendeu cigarros soltos” – referências às mortes que começam com Michael Stewart, nos anos 80, e terminam no já citado Eric Garner.
De fato, é um trabalho quase impossível entregar uma nova temporada com enredo baseado nas 72 horas de uma rebelião estourada em função à morte de uma detenta – sobretudo se a série tenta minimizar o impacto real sobre questões como racismo e violência policial. Nesta quinta temporada de Orange is the New Black, o que se destacou foi a falta de detalhes das personagens, e a pressa em contar tudo de uma vez não entregou a mesma excelência que vimos na quarta temporada.
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