Resenha: A Última Estrela
Por Giovanna Orlando
Todo final de trilogia é empolgante e controverso. Ou ele vai fechar a saga com chave de ouro e entregar aos fãs algo que se torne memorável, ou ele vai ser morno, com um final que não agrada nem desagrada, não se torna memorável, mas encerra a história. Todo bom final precisa de um bom desfecho, dar resposta para todas as perguntas e criar um grande plot twist. A Última Estrela traz essas regras. O livro tem uma segunda metade do livro empolgante, reveladora e repleta de ação. Porém, o final da trilogia A Quinta Onda cai na segunda categoria de finais.
Seguindo o segundo livro, Ringer continua como uma das protagonistas e narra boa parte do primeiro ato. Depois de ter sido melhorada por Vosch, Ringer finalmente reencontra os amigos, mas tem uma missão especial decidida pelo Comandante. Ringer aparece agora bem mais fria, objetiva, racional e direta. Se antes havia espaço para empatia e simpatia, agora foi anulado pelo 12º Sistema, e deixou uma soldada impecável.
Outra personagem que mudou intensamente o jeito de ser é Cassie. A menina aparece muito mais confusa sobre seus sentimentos com Evan e durante boa parte do livro é difícil de entender aonde ela quer chegar com eles. Mas Cassie é a que mais surpreende no decorrer da história. Neste livro o autor deixa bem claro que ela é uma heroína absurdamente corajosa.
Zumbi fica apagado em parte do livro. Depois de uma missão difícil e traumática, o menino fica ferido e fadado a cuidar e proteger das crianças. É impossível não sentir uma simpatia imensa por ele e querer protegê-lo durante a trilogia. Ben Parish é cativante, um excelente alívio cômico e um dos personagens mais maduros na trama.
O irmãozinho de Cassie, Sam, ou Nugget, seu apelido de guerra, tem a mudança mais radical e drástica no livro. É assustador ver a mudança de uma criança de 6 anos em um soldado. Nugget é ágil, determinado e não admite sua idade impedir ele de se tornar o soldado que a equipe precisa.
De todos os livros, este é com o desenvolvimento mais lento, deixando toda a ação e aventura para o final. A primeira metade do livro é um pouco arrastada, com poucas reviravoltas. Mas os diálogos continuam ótimos e o autor sabe criar o clima necessário para um final de tirar o fôlego.
A grande reviravolta é o final. Uma caçada intensa, bem detalhada, com plot twist e boa ação. Fica claro que o objetivo da saga é a sobrevivência acima de tudo, não importa os riscos.
A Quinta Onda é uma saga protagonizada por mulheres, e isso é incrível. Ainda que algumas vezes elas caiam no clichê de falarem de meninos e precisarem de ajuda para ser salvas em algumas situações, o autor desenvolve bem a ideia de que mulheres podem ser heroínas sim, e muitas vezes são mais fortes e habilidosas que os homens.
Apesar de muitos fãs terem se decepcionado com o final, esperando uma coisa, e o autor entregando outra, ele é coeso e faz sentido com toda a proposta apresentada. O grande pecado mesmo é terminar e deixar a sensação de que poderia ter uma sequência ou spin-off.
A Última Estrela possui um bom final, seria injusto dizer que não. Mas não traz algo de tão inovador, revolucionário e extraordinário que transforme esse livro no melhor da saga. É uma conclusão que satisfaz, ainda que pipoquem fanfics pensando em um milhão de outros finais, que talvez sim sejam mais memoráveis que o escolhido.