Crítica: Kingsman – O Círculo Dourado

Crítica: Kingsman – O Círculo Dourado

Depois de três anos de espera, a sequência de Kingsman finalmente chega às telonas para a alegria dos fãs. O filme tem tudo que primeiro trouxe: cenas de ação coloridas e explosivas, piadas bem colocadas e todos os personagens que nós amamos. Só tem um problema… Os fãs de carteirinhas provavelmente não sairão muito felizes da sessão como no primeiro filme. Pelo menos, foi o meu caso.

A continuação da trama permanece seguindo a história de Eggsy Unwin (Taron Egerton), que ainda está se recuperando da morte de seu mentor Harry Hart (Colin Firth). O longa começa muito bem ao mostrar o quão bem Eggsy se adaptou à vida de Kingsman: ele está feliz com seu cachorro J.B., sua namorada Tilde (Hanna Alström), que é a princesa da Suécia, e está morando na belíssima casa que pertencia a Harry.

A cena de luta inicial é, sem dúvidas, uma das melhores de todo o filme. A luta entre Eggsy e Charlie (Edward Holcroft) é coreografada de maneira tão belíssima que é quase como um espetáculo de dança (apesar do CGI excessivo na maioria das cenas). Infelizmente, após essa cena, o roteiro começa a desandar quando se trata de seus personagens. O filme continua sendo divertidíssimo, mas sem a profundidade que o primeiro filme conseguiu capturar tão bem.

Eggsy continua com seu charme de sempre e a cena de seu reencontro com Harry é no mínimo emocionante, mas o apego emocional acaba aí. São tantos personagens novos que não dá tempo de se importar com nenhum deles! Whiskey (Pedro Pascal) tem uma história de vida “traumatizante” mas que é contada tão rapidamente que não dá tempo de se importar muito. Seu colega de trabalho, Tequila (Channing Tatum), também é tão raso que nos causa a mesma sensação. A impressão que dá é que quase todos os personagens novos não avançaram a trama de nenhuma maneira que mude tanto o rumo da história. Vários aspectos do filme me deixaram pensando que muita coisa poderia ter sido deixada de fora. Menos é sempre mais.

Não quero dar spoilers e não entrarei no quesito de Roxy (Sophie Cookson) e Merlin (Mark Strong), mas se prepare, porque se sua esperança era a de ver Roxy brilhando como a parceira (e única mulher espiã na associação Kingsman) na tão esperada sequência, não entre na sala de cinema esperando vê-la por mais de 10 minutos. Halle Berry faz o papel de Ginger, uma agente da Statesman que realiza o mesmo papel de Merlin na agência. Porém, sua personagem possui pouquíssimo desenvolvimento, e até é possível nos perguntarmos se ela está lá por algum motivo, ou se foi pelo fato do diretor Matthew Vaughn ter recebido críticas sobre a falta de mulheres no primeiro filme. Nenhuma das personagens mulheres participa de absolutamente nenhuma das lutas, que são as cenas mais divertidas da franquia. A única personagem feminina mais desenvolvida é a de Julianne Moore, que interpreta a carismática e perturbadora vilã Poppy, e consegue brilhar nas poucas vezes que aparece em tela.

Apesar de todas suas cenas emocionantes, o filme anda nas costas da nostalgia de forma errada, desrespeitando os sentimentos de seus próprios personagens e se aproveitando de cenas que já foram vistas no primeiro. Mas, se esta for realmente a última história de Kingsman, ela termina como o primeiro começou: com Harry e Eggsy lado a lado. E tem como não amar esses dois?

FICHA TÉCNICA
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn
Elenco: Channing Tatum, Edward Holcroft, Halle Berry, Julianne Moore, Mark Strong, Taron Egerton

Letícia Piroutek

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