Crítica: Pokémon – Detetive Pikachu

Crítica: Pokémon – Detetive Pikachu

Para crianças e quem quiser se sentir como uma

Uma cidade onde seres humanos e criaturas pokémon convivem realmente, e não apenas via aplicativo de celular, é o cenário de Pokémon – Detetive Pikachu, filme que traz pela primeira vez as criaturas em computação gráfica e interagindo com atores de carne e osso.

O longa dirigido por Rob Letterman (de Goosebumps – Monstros e Arrepios) mira na nostalgia de um público que conheceu o desenho animado no final dos anos 90 e oferece uma volta à infância, sem se interessar em ser algo além disso.

O roteiro é inspirado num game no qual o jogador controlava Tim Goodman, um jovem aspirante a treinador pokémon dotado da rara capacidade de se comunicar com seu parceiro, Pikachu. Juntos, eles investigavam pistas e solucionavam mistérios.

O filme tem a mesma fórmula, com Justice Smith (revelado na série The Get Down) como Tim e Ryan Reynolds emprestado a voz para o parceiro de pelugem amarela – pelo menos na versão original, em inglês, que corresponde a apenas 10% das cópias lançadas no Brasil. Até mesmo as exibições para a imprensa por aqui foram com a dublagem em português.

A opção por abrir mão de dar a oportunidade da maior parte do público ouvir Reynolds (identificado para sempre com as tiradas sarcásticas de Deadpool), grande atrativo para o público adulto, condiz com a clara intenção que Pokémon – Detetive Pikachu apresenta de dialogar mais com as crianças, ou com o lado infantil de quem for ao cinema.

A piada recorrente com o vício de Pikachu em café, que o deixa hiperativo e falando sem parar, é um dos poucos momentos que talvez os pequenos não entendam direito enquanto os maiores riam. De resto, a trama é bastante simplista e tem como pano de fundo uma mensagem de resgate da relação entre pai e filho.

O colorido de Ryme City e dos simpáticos bichinhos que aparecem na tela em sequência mantêm o ritmo do filme em boa rotação, e há pelo menos duas sequências de ação mais elaboradas, uma numa floresta e outra nos arranha-céus da cidade.

Mas quem esperar ver uma participação mais ativa de outros personagens animados além de Pikachu pode se decepcionar, já que quase todos entram e saem de cena sem grande impacto para o enredo, à exceção de Mewtwo, peça-chave num plano que ameaça o equilíbrio entre humanos e pokémons. Pelo menos a música-tema clássica, que tanta gente sabe de cor até hoje, aparece numa roupagem inusitada e divertida, perto do final.

Diego Olivares

Crítico de cinema, roteirista e diretor. Pós-graduado em Jornalismo Cultural. Além do Cinematecando, é colunista do Yahoo! Brasil