Crítica: Marlina, Assassina em Quatro Atos
Este filme faz parte da programação oficial da 41ªMostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Faroeste feminista indonésio. Essa talvez seja a maneira mais concisa de descrever Marlina, Assassina em Quatro Atos, terceiro longa-metragem da diretora Mouly Surya.
Com uma história simples e ritmo bom, o filme tem grandes chances de agradar o público mais afeito ao cinema de gênero. A trama segue a protagonista Marlina, interpretada de maneira bela por Marsha Timothy, em sua jornada de vingança após matar a maioria dos integrantes de uma gangue que, além de roubar todo seu gado, ainda tenta estuprá-la. Como em todo bom faroeste, há um forte senso de lugar que garante ao conflito central uma urgência bem-vinda, além de personagens de apoio facilmente distinguíveis.
É o rosto de Timothy, no entanto, que comunica grande parte da força do filme de Surya. Em uma atuação comedida e bastante sincera, a atriz constrói uma heroína genuinamente forte e memorável. Além dela, Dea Panendra torna palpável a transformação de sua personagem, Novi, que na jornada de procurar o marido (e ainda grávida), descobre-se tão forte quanto Marlina em suas decisões. O elenco ainda conta com Egy Fedly e Yoga Pratama, extremamente ameaçadores nos papéis de líder e novato da gangue dos bandidos, respectivamente.
Marlina the Murderer in Four Acts ainda é uma experiência visual graciosa, com fotografia vibrante de Yunus Pasolang e uma bela e cativante trilha sonora da dupla Yudhi Arfani e Zeke Khaseli, que traz consigo uma atmosfera forte de spaghetti western sem sacrificar a identidade local de sua história.
Mouly Surya, diretora que conheço apenas por Marlina, evidencia uma confiança admirável em sua condução, e, se houver justiça, receberá muitos outros projetos de promessa no futuro. Marlina the Murderer in Four Acts é o tipo de filme que torna festivais de cinema tão animadores, mostrando que há sim espaço para obras de gênero no catálogo. É só saber procurar.
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