Crítica: Sobrenatural – A Última Chave
Quarto capítulo da franquia assusta, mas bem menos que o esperado
Com produção de James Wan e Jason Blum, Adam Robitel dirige o novo capítulo da franquia Insidious – que, na opinião de muitos, já poderia ter sido encerrada. A fórmula de filmes de terror nesse estilo já é delicada e vista repetidas vezes, mas ao menos em seu início promissor, Sobrenatural – A Última Chave consegue ter fôlego para desenvolver uma história interessante envolvendo Elise Rainier (Lin Shaye), a parapsicóloga que ganha o protagonismo de vez (no maior estilo Ed e Lorraine Warren).
Na maior parte do tempo, o filme se passa dentro da casa onde Elise cresceu. Ela destaca desde o início que aquele nunca foi seu lar, pois sempre teve a sensibilidade de ver espíritos e aquele espaço sempre foi assombrado. Com muitas lembranças ruins da infância e adolescência, Elise precisa retornar para ajudar um novo morador, mas acaba se reencontrando com o passado de formas que jamais esperava.
Os momentos de Elise pequena, exibidos em flashbacks, dão um tom interessante à história e prendem a atenção de maneira mais natural do que na linha do tempo atual. Além disso, os sustos do passado assustam bem mais (os que acontecem no presente são mais contidos). Logicamente, fãs de jump scares sairão da sessão com uma estranha sensação de que faltou alguma coisa: o essencial.
Sem apelação nos sustos, o filme mescla a parte amedrontadora com piadas sem timing e, sinceramente, sem graça também – o que chega a prejudicar o lado sério da história no terceiro ato. A dupla Specs e Tucker, que auxilia Elise nas missões paranormais, são os maiores responsáveis por essa fraqueza.
A dramatização e aprofundamento de uma trama (ainda mais no gênero terror) é sempre bem-vinda, principalmente quando é possível contar com a força do protagonista. Lin Shaye, no auge de seus 74 anos, dá mais do que conta do recado e cativa com sua presença corajosa e afetuosa.
É uma pena que o roteiro de Sobrenatural – A Última Chave opte por seguir caminhos básicos, sem inovar tanto nas resoluções e sem dar o toque de originalidade que vemos na franquia Invocação do Mal. Ao rolarem os créditos, é inevitável pensar que o resultado poderia ser muito mais impactante, principalmente tendo em vista a vastidão e o potencial da franquia. Ao trabalhar diferentes linhas do tempo do mesmo universo ao longo de quatro filmes, é incerto pensar se alguma ideia aparecerá para retornar o ar de novidade.