Crítica: Com Amor, Simon
É com muito amor que eu venho com a crítica de Com Amor, Simon. Baseado no livro Simon vs. the Homo Sapiens Agenda de Becky Albertalli, a história se passa através dos olhos de Simon (Nick Robinson), um menino normal do ensino médio mas que esconde um segredo: ele é gay e ninguém sabe. Quando ele começa a se corresponder com Blue, que carrega o mesmo segredo, Simon não se sente mais tão sozinho.
O filme, dirigido por Greg Berlanti, é nada mais nada menos que um filme Coming of Age ao estilo dos famosos filmes de John Hughes, mas com a diferença que o protagonista é gay. Filmes LGBT não são novidade em Hollywood de uns anos pra cá, mas a diversidade de gênero é sempre a mesma: dois homens (ou mulheres) que se apaixonam mas não podem ficar juntos, seja pela época ou por uma tragédia. E é por isso que Com Amor, Simon é tão importante: ele se afasta completamente de todos estes estereótipos de sofrimento, tristeza, amor não-correspondido e a falta de aceitação da família, transformando isso no oposto de tudo que já vimos até agora em filmes LGBT.
Nos anos 90 tínhamos milhares de filmes com o casal central, considerado o “padrão”. Filmes que marcaram nossa geração, nossas personalidades, as coisas que consideramos “normais” e até o nosso jeito de se vestir. E não é mais do que justo que a nova geração tenha algo mais avançado e com a mente bem mais aberta. Um filme que realmente lide com este assunto de forma tão natural é, sim, muito raro. Representação importa, e Com Amor, Simon é a prova disso.
Os atores que interpretam Simon (Nick Robinson) e sua melhor amiga Leah (Katherine Langford) são extremamente carismáticos e trazem cor ao filme. As interações são orgânicas e sem muita forçação de barra. Já os outros integrantes do grupo, Abby (Alexandra Shipp) e Nick (Jorge Lendeborg Jr.), preenchem os dois lugares vagos, se encaixando perfeitamente. A química entre todos os atores foi muito bem montada e nós nos importamos com todos de formas diferentes.
A relação de Simon com seus pais, interpretados por Josh Duhamel e Jennifer Garner, traz uma delicadeza deliciosa para a história e mostra um ambiente familiar muito verídico. Porém, o filme tem seus erros: em alguns pontos, a história foca demais em personagens coadjuvantes que não mereciam tanta atenção. Por ser um filme adolescente, ele também tem seus momentos de vergonha alheia – mas que fazem parte de qualquer filme “Coming of Age”. A trilha sonora é uma das coisas mais gostosas do longa e nos remete à nossa própria adolescência.
No fim, Com Amor, Simon é nada mais que uma incrivelmente simples história de amor, como a que a maioria das pessoas espera viver um dia. Espero que venham mais centenas de filmes assim, que quebrem tantas barreiras quanto este.
Com amor, Letícia.