Crítica: Escape Room
Escapar ou morrer
Enquanto os fãs da franquia Premonição aguardam ansiosos por um remake do primeiro filme (2000) ou quem sabe até uma continuação, esses podem facilmente se entreter com uma produção tensa, contagiante e carregada de detalhes. Escape Room é o novo filme do já conhecido cineasta Adam Robitel, responsável pela direção de Sobrenatural: A Última Chave (2018) e pelo roteiro de Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma (2015).
É revitalizador ainda termos contato com filmes que prendem nossa atenção a todo momento e nos fazem torcer pela vida de determinados personagens, e pela morte de outros (por mais doentio que isso possa soar). Entretanto, é uma pena quando tudo isso não se junta à verossimilhança de seus eventos, e nos envolve num roteiro pouquíssimo crível.
A trama do filme desenvolve seis pessoas diferentes, habilidosas e/ou ambiciosas, que são convidadas para participar de um escape room (um tipo de sala de escape, comum nos Estados Unidos e que ganha espaço também no Brasil), onde precisarão usar toda sua inteligência para tentar solucionar os mistérios e pistas de vários quartos fechados, e passarem para o próximo nível, até por fim, haver um vencedor que leve 10 mil dólares para a casa. O que nenhum deles contava é que os quartos trariam dificuldades físicas e psicológicas perigosas, que colocam a vida de cada um em jogo.
Aos poucos vamos conhecendo a personalidade e o passado/histórico de cada um dos personagens. Zoey (Taylor Russell, de Perdidos no Espaço) é uma jovem brilhante, estudiosa e solidária, que é incompreendida aos olhos da maioria das pessoas. Ben (Logan Miller) é o cara “problemático” do grupo e fumante inveterado, além de possuir um péssimo humor. Jason (Jay Ellis) faz o papel de um bem sucedido homem, capaz de cometer as maiores atrocidades para continuar vivo e alcançar seus objetivos.
Mike (Tyler Labine) é o cara simpático e cheio de vontade, provavelmente o mais velho do grupo, e que ajuda a manter todos calmos nas horas difíceis. Amanda (Deborah Ann Woll, de Demolidor), é a ousada e forte mulher que encontra coragem quando ninguém mais parece encontrar. E por último, temos Danny (Nik Dodani, de Atypical), o nerd entusiasmado, que traz humor em diálogos irônicos e ainda ajuda o grupo com seu conhecimento em escape rooms.
Ainda que o roteiro apresente bem seus personagens e crie situações que exploram bem a tensão do espectador, ele não consegue elaborar um objetivo convincente por trás de todo o jogo, além de testar nossa paciência diversas vezes com situações exageradamente improváveis, que beiram o ridículo. Essa falta de preocupação em se basear no que é real e no que seria plausível incomoda bastante, principalmente por ser exatamente o que faz ser possível (ou impossível) a escapatória dos personagens em momentos desesperadores.
A narrativa ainda encontra espaço para, em segundo plano, criticar conscientemente os limites da ambição, e do nosso instinto de sobrevivência, que embora seja algo nada inovador para o cinema, ainda funciona em alguns momentos. Enquanto a montagem de Steven Mirkovich permite um andamento enérgico da história com cortes rápidos e a continuidade das cenas, a fotografia de Marc Spicer nos enquadra em quartos asfixiantes, a marcante trilha musical explora o suspense existente entre os personagens e as enigmáticas salas que precisam fugir.
Adam Robitel se mostra longe da qualidade atingida por seu primeiro longa, o elogiado A Possessão de Deborah Logan (2014), mas oferece uma boa dose de diversão com cenas sufocantes e uma trama fácil de comprar, ainda que com complicações em amarrar seus acontecimentos de forma plausível e original. Escape Room é um filme que vale seu ingresso e a curiosidade de um público apaixonado pelo cinema de fuga, com um suspense gradativo e cativante.