Crítica: Jason Bourne
Entre os nove anos que se passaram desde que Jason Bourne pulou em um rio e nunca mais foi visto (em O Ultimato Bourne, 2007), tivemos um filme derivado chamado O Legado Bourne (2012), que arriscou ao narrar uma nova história sem a presença do astro Matt Damon e o diretor Paul Greengrass. O filme não é ruim como muitos falam, mas a verdade é que todos queriam Damon em possíveis sequências e a falta do ator realmente comprometeu essa investida da Universal. Porém, como nada é impossível, Matt Damon e Paul Greengrass finalmente retomaram a famosa parceria para um novo filme da franquia, desenvolvido para ser a continuação direta do fim da elogiada Trilogia Bourne. O agente que tanto buscou conhecer seu passado está de volta, e ele se lembra de tudo dessa vez.
O filme passa por diversos locais do planeta, de Atenas a Las Vegas, e o personagem Bourne nos é apresentado longe de tudo, em um mundo bem diferente do que estávamos acostumados: agora ele participa de lutas clandestinas para sobreviver. O ponto de virada é quando Nicky Parsons (Julia Stiles, atriz da trilogia Bourne) vai ao seu encontro para alertar o ex-agente que há mais informações sobre sua vida que ele ainda não sabe. A partir daí, a CIA já está na cola dos dois e Bourne novamente vai atrás de mais um pedaço de sua antiga vida que foi privada de si mesmo. Tudo acompanhado de muitas cenas incríveis de ação e perseguição, é claro.
Espionagem é um gênero muito apreciado no cinema, e esse é o elemento que pode definir a franquia em si. Só que em Jason Bourne (2016) esse gênero vai além: fatos atuais e que provocaram tensão mundial (como o caso de Edward Snowden, citado no longa) ajudaram a construir uma história relevante, dando a sensação de que, realmente, o tempo passou e o mundo mudou.
O elenco é forte, bem distribuído e merece elogios. O novo – e desprezível – diretor da CIA, Robert Dewey (Tommy Lee Jones), junto com sua pupilaHeather Lee (Alicia Vikander, muito bem no papel de uma “agente dupla”), fazem o possível para controlar Bourne em meio a uma trama que se estabelece na cena da política de segurança norte-americana. O vilão da vez aparece na pele do assassino ‘Asset’ (vivido pelo ótimo Vincent Cassel), que possui certa ligação com Bourne.
Sobre a questão dos tempos atuais, temos um sub-plot muito interessante que funciona perfeitamente na história: o personagem Aaron Kalloor (Riz Ahmed), figura importante à la Mark Zuckerberg no mundo da internet, tem um relacionamento complicado com Dewey e fala pela população ao defender a privacidade na sociedade tecnológica.
Paul Greengrass fez, mais uma vez, um ótimo trabalho na direção. Sua câmera na mão, quase sempre urgente e rápida, dá ainda mais vida durante a condução de cenas intensas e violentas. Inclusive, uma sequência que é de deixar o queixo caído é a da fuga de Bourne e Nicky no meio da cidade de Atenas, que se encontra em uma manifestação popular desenfreada.
A sensação que Jason Bourne proporciona é surpreendentemente positiva. Mesmo possuindo muitos elementos familiares que a dupla Greengrass + Damon (que nasceu para viver o protagonista) construíram, a trama traz com muita qualidade um frescor necessário aos tempos em que vivemos. Quando o tema do personagem começa a tocar ao fim do filme, é impossível não abrir aquele sorriso. É o novo, e o velho, Jason Bourne.
Jason Bourne estreia hoje nos cinemas!
FICHA TÉCNICA
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Christopher Rouse, Matt Damon, Paul Greengrass
Elenco: Alexander Cooper, Alicia Vikander, Amy De Bhrún, Ato Essandoh, Attila G. Kerekes, Daniel Eghan, Dino Fazzani, Graham Curry, Jamie Hodge, Julia Stiles, Marla Aaron Wapner, Matt Damon, Neve Gachev, Paul Terry, Riz Ahmed, Scott Shepherd, Tommy Lee Jones, Vincent Cassel, Vivian Yoon Lee
Produção: Frank Marshall, Gregory Goodman, Matt Damon, Paul Greengrass
Fotografia: Barry Ackroyd
Montagem: Christopher Rouse
Trilha Sonora: David Buckley, John Powell
Duração: 123 minutos
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