O machismo presente em Hollywood
Este texto é de cunho pessoal e a opinião compartilhada aqui não é a mesma que todos compartilham no site Cinematecando
Na tão esperada noite de domingo, 26 de fevereiro, foi anunciado o prêmio de Melhor Ator para o ator Casey Affleck, o qual em 2010 foi acusado de assédio sexual durante as gravações do documentário I’m Still Here. Não era surpresa ele ter ganhado, mas sim, a decepção de ter vencido na categoria (que ficou estampada na cara da atriz Brie Larson, que anunciou o vencedor).
A decepção começa por ele ter sido chamado para atuar em um filme e ainda ser indicado nas premiações, mesmo sabendo da acusações envolvidas. E por que isso acontece? Por que Hollywood, a indústria cinematográfica, ainda insiste em premiar e dar papéis a assediadores? E quando se trata de mulheres que cometem erros, a indústria as esquece? Um bom exemplo disso é Winona Rider, que foi pega roubando em uma loja em 2002. Desde aquela época a indústria a esqueceu, até que ela finalmente retornou gloriosamente em um fantástico papel na série Stranger Things.
Outro exemplo é Lindsay Lohan, que passou a infância inteira sob os holofotes hollywoodianos e quando cresceu, se envolveu com drogas e foi esquecida sob a mesma que a perseguiu na infância inteira. Enquanto isso, a indústria esquece Michael Fassbender, que tentou passar o carro em cima de sua ex-mulher grávida, e o músico Chris Brown, mesmo depois da cantora Rihanna ter publicado as fotos da agressão que sofreu por ele.
O machismo incrustado e que defende os homens na indústria, é um tema que precisamos abordar e discutir; e, para isso, precisamos destrinchar a história que os protege e violenta a mulher. Começando que a indústria cinematográfica é majoritariamente dominada por homens: no Cinema Nacional apenas 16,5% dos filmes são dirigidos por mulheres e, mesmo em crescimento, este é um número muito pequeno porque está longe da igualdade. Segundo, a maneira que o Cinema retrata a mulher e objetifica o seu corpo (encontramos uma opinião melhor sob o tema aqui).
São dois modos básicos para demonstrar a desigualdade de gênero que ocorre, e quando um ator/diretor/produtor é acusado, a mídia se aproveita na linha do sensacionalismo (como ocorreu no caso de Johnny Depp, que agrediu sua esposa Amber Heard quando pediu divórcio). A mídia, em sua maioria, duvidou dela e mesmo depois de tudo, celebrou quando o ator entrou para o elenco de Animais Fantásticos e Onde Habitam (para saber melhor, clique aqui). Usar o argumento “separar o pessoal do profissional” não é válido porque esse é um tipo de argumento (perdoem-me) ignorante; é a forma mais bruta e crua de mostrar que o homem não irá se responsabilizar por suas ações e terá a oportunidade de repeti-las porque sua carreira e vida continua intactas. Este é o aval de que ele pode, sim, fazer o que quiser, inclusive, agredir uma mulher porque ele sabe que não será punido. Enquanto a vítima é calada e convive com o trauma, o abusador nunca pagará pelo o que fez.
Boicotar o filme é a melhor forma de protesto à injustiça? Talvez. Porém, a luta não pára, nunca vai parar.