Crítica: Ao Cair da Noite
O jovem diretor Trey Edward Shults, de 27 anos, chamou atenção há dois anos com seu primeiro filme, Krisha, que custou apenas 30 mil dólares. Agora, seu segundo filme promete chamar ainda mais atenção e já coleciona muitos elogios fora do Brasil. Ao Cair da Noite mistura terror com suspense psicológico ao nos apresentar a história de uma família formada por Paul (Joel Edgerton, em mais um ótimo trabalho), Travis (Kelvin Harrison Jr.) e Sarah (Carmen Ejogo), que vive isolada no meio da floresta. Indo direto ao ponto e sem se ater aos detalhes de uma enorme praga, o filme trata muito bem os medos que vivem naquele lar e em seu entorno. A começar pela escuridão e solidão.
Um medo tão comum como o da escuridão é o ponto de ignição para tudo o que a história representa, até porque nós, espectadores, também só enxergamos aquilo que os personagens veem. O filme se passa naquele local o tempo todo e os limites da imaginação são curtos, o que deixa o mistério pairando no ar a todo o momento.
Logo na cena inicial, com uma morte abrupta e marcante, Ao Cair da Noite já impacta por não ter rodeios. O passado dos personagens? Não sabemos. O futuro? Menos ainda. O que interessa é o agora, e a narrativa flui muito bem no presente, principalmente quando Paul recebe mais três integrantes de outra família que precisam de refúgio em seu lar. Contudo, a atmosfera paranoica e perturbadora não se dá somente pela adição da nova família, mas também pelos medos e pensamentos de Travis, demonstrados para ficarmos ainda mais incomodados com a história.
Se for para separar um elemento que é necessário elogiar muito, então que seja a atmosfera do filme. Mesmo que o espectador não entenda muito bem se o que está acontecendo em tela é real ou não, é impossível não ficar intrigado com as possíveis resoluções da narrativa. O diretor também opta por não utilizar muitos sons (diegéticos ou não) para obter sustos fáceis da plateia, e é exatamente por isso que o filme consegue impactar bastante. Não entender de início também assusta, e muito! O grande trunfo de Ao Cair da Noite é que ele consegue nos deixar tão desconfiados como os personagens.
Ao Cair da Noite é um filme que vai te fazer mergulhar em um cenário macabro, assim como em A Bruxa (2016). A última cena vai te deixar pensando em tudo que você acabou de ver, sobretudo pelo silêncio perturbador presente. O longa pode ser visto tanto como um belo suspense ou como um drama sobre uma família que tenta, de todas as formas, sobreviver, . Sem twists desnecessários ou sustos gratuitos, Trey Edward Shults prova que, para impressionar, não é preciso de nada em excesso: apenas boas atuações, um bom roteiro e uma sublime direção.
FICHA TÉCNICA
Direção e roteiro: Trey Edward Shults
Elenco: Carmen Ejogo, Chase Joliet, Christopher Abbott, David Pendleton, Griffin Robert Faulkner, Joel Edgerton, Kelvin Harrison Jr., Mick O’Rourke, Riley Keough
Produção: Andrea Roa, David Kaplan
Fotografia: Drew Daniels
Montador: Matthew Hannam, Trey Edward Shults
Duração: 97 min.
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