Cinema e espectador: diferentes olhares
Sou apaixonada por cinema e tenho razões de sobra para isso. Filmes podem nos transportar para milhares de lugares diferentes sem nem precisarmos sair de casa/do cinema. Filmes nos marcam de tal maneira que, por muitas vezes, sabemos que nunca vamos esquecer. Filmes podem ser feitos para o mundo, mas as emoções que eles nos provocam são únicas. Por isso, eu acredito que um filme é algo muito pessoal tanto para quem o fez como para quem o assiste. As pessoas são diferentes umas das outras, logo, é normal que suas opiniões também sejam. Mas por que é tão difícil para alguns entenderem que não gostar de uma obra não significa que ela seja ruim, assim como gostar de uma obra não quer dizer que você só foi atrás do grande público que também gostou?
Não existe uma regra, gostar de um filme não é uma obrigação. Podemos nos conectar imediatamente com a história, ambientação e personagens. Também podemos gostar de um filme graças a alguma experiência do passado ou pela lembrança de alguma pessoa ou lugar – e o fato de gostarmos de tal diretor/ator/atriz/roteirista também pode ajudar a acharmos ele mais incrível ainda.
Ou não.
Não é todo mundo que gosta da saga Harry Potter, de Avatar, Star Wars, A Origem ou O Poderoso Chefão. Às vezes tudo o que eu falei acima não acontece com outra pessoa, mesmo parecendo super normal para mim por exemplo, que amo todos os filmes que citei. E não é porque a pessoa não conseguiu compreender ou absorver a obra, mas é porque simplesmente ela não causou o impacto necessário para ela falar: “eu amei esse filme!”, “quero ver de novo!”, ou qualquer coisa do tipo. E quando nada disso ocorre na mente, não há opinião alheia que mude isso. O que um pode amar, o outro pode odiar, e isso é simplesmente ok. É claro que pode acontecer de darmos uma nova chance a tal filme depois de alguns meses ou até anos, e a nossa opinião mudar – porém, isso vai completamente da pessoa.
Um exemplo perfeito para essas divergências é Birdman, filme de Alejandro Iñárritu que recebeu o Oscar de Melhor Filme em 2015. Eu particularmente acho aquele filme uma viagem maravilhosa, divertida e ácida, além de ser uma aula de direção. Mas assim como em O Regresso (2016), também de Iñárritu, houve uma forte divisão entre os cinéfilos que gostaram e os que não gostaram da obra. Em Birdman, há quem não curta os planos-sequência, o personagem de Michael Keaton, ou o mergulho na tragicomédia do protagonista. Eu gosto de todos esses elementos. Isso não muda o fato do filme ter ganhado um Oscar, como também não muda o fato de que há milhares de pessoas por aí que simplesmente não gostaram nem um pouco dele.
Quem nunca passou pela seguinte situação: você está em uma roda de amigos e fala que não gostou de tal filme. Seus amigos vão à loucura dizendo “COMO você pode não gostar daquilo?”, e você fala seus argumentos. Mas mesmo assim, é difícil entender e alguns até podem ficar realmente chateados. Mas o que poucos compreendem é que são diferentes pontos de vista falando entre si, são bagagens e vivências completamente pessoais!
É muito bom discutir sobre cinema e televisão de forma saudável com pessoas que também gostem desses assuntos porque sempre podemos tirar alguma reflexão nova daquela conversa, afinal, podem ser diferentes maneiras de olhar uma mesma obra. Se duas pessoas pensam de forma igual, maravilha! Se não, paciência. Não é preciso ser rude e nem intolerante: o mais importante, sempre, é respeitar a opinião e as experiências alheias. Conversar é diferente de impor, egostar ou não gostar de uma obra não te faz mais entendido(a) ou melhor que o outro. Mil vezes melhor terminar uma conversa com a mente aberta para o mundo e não fechada para si, não é mesmo?
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