Crítica: 15h17 – Trem para Paris
Em seu novo filme, Clint Eastwood deixa o patriotismo falar ainda mais alto
Após o decente Sully, Clint Eastwood prometeu entregar mais um projeto baseado em fatos. 15h17 – Trem para Paris possui uma história que é a “cara” do diretor, patriota e republicano que só: a tentativa de um grande ataque terrorista dentro de um trem e a atitude heroica de um trio de jovens americanos que viajavam pela Europa.
Mas, desta vez, ele optou por fazer algo bem diferente: ao invés de reunir atores como sempre faz, o diretor de 87 anos decidiu convidar os próprios heróis da história para interpretarem a si mesmos e reviverem os momentos de tensão na telona.
Desde o princípio a decisão pareceu no mínimo arriscada e, infelizmente, realmente acabou não sendo acertada para dar a emoção que o diretor tinha em mente. O trio formado por Anthony Sadler, o soldado Alek Skarlatos e o piloto da Força Aérea Spencer Stone, além de não possuir experiência em atuação, não conseguem manter o ritmo e protagonizam muitas cenas dignas de deixar o espectador constrangido na cadeira do cinema. O problema cai justamente na falta de qualidade no intuito de trazer a realidade à tona, resultando em um trabalho inconsistente e que aparenta beirar a improvisação.
O roteiro de Dorothy Blyskal (baseado no livro de Anthony Sadler) também não ajuda e dá espaço a inúmeros diálogos sem sentido que não agregam a nada à história. O estilo que o diretor segue, utilizando de inúmeros flashbacks para humanizar ainda mais os personagens, não funciona e perde força no decorrer de seu desenvolvimento, prejudicando até mesmo o esperado momento do atentado.
15h17 – Trem para Paris carece de uma boa estrutura, de um bom roteiro e de boas atuações. Não é possível ver sentimento algum em tela a não ser o de próprio Eastwood e o patriotismo cego que nutre. E, ao mesmo tempo que é uma alegria ver este grande diretor na ativa quase todos os anos, é uma grande decepção perceber que o resultado não é mais como antes.
O que fica claro é que, agora, sua maior ambição e prioridade não é mais agregar ao cinema, mas somente destacar seus ideais políticos. Talvez ainda funcione para os americanos, mas talvez o público brasileiro não entenderá tanto sua proposta.
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