Crítica: Benji
Remake de clássico dos anos 70 é lançado pela Netflix e, mesmo com roteiro improvável, emociona e diverte
Era um dia qualquer quando Carter (Gabriel Bateman) trombou com um cãozinho vira-lata na rua. Como todo garoto que não consegue guardar um segredo, ele resolve levar o novo amigo para casa, afinal sua irmã Frankie (Darby Camp) jamais iria perdoá-lo por esconder um bichinho tão divertido e simpático. Apesar da sujeira do cãozinho, os dois percebem que este é um amigo inigualável e assim resolvem adotá-lo e mantê-lo escondido de sua mãe. O carinho é grande e logo eles o apelidam de Benji, em homenagem à Benjamin Franklin. Tudo vai muito bem e até a própria mãe das crianças gosta do cãozinho. A brincadeira estava ótima, mas, após uma situação desesperadora, é o próprio cachorrinho que vai mostrar o quanto sua amizade é valiosa. Quando as crianças são levadas por bandidos, Benji é o primeiro a sair correndo em busca de seus novos familiares e vai fazer de tudo para ajudar a polícia a encontrar os pequeninos.
No meio de toda a aventura, Benji é um filme que consegue encontrar espaço para cenas dramáticas que refletem bem a solidão do cãozinho, que junto à músicas com melodias e letras melancólicas provocam lágrimas em qualquer cinéfilo. O maior problema com o filme é o roteiro inconstante, que com a necessidade de equiparar picos de alegria e tristeza no espectador, acabam por ser repetitivos e cansativos. Além de muitas improbabilidades das cenas que servem apenas para enfatizar a trama e o protagonismo do cão, mas que deixam o filme menos sério e a narrativa mal digerida.
Ainda assim, se Brandon Camp erra com o roteiro, ele acerta com uma boa e ajuizada direção que garante o entretenimento do espectador. Muito desse mérito vai para os movimentos de câmera deliciosos da fotografia de Thomas Scott Stanton, com a presença de gruas e trilhos de dolly que tornam o filme dinâmico, assim como a responsável montagem. Esse dinamismo é algo que não se perde em nenhum momento e que auxilia na atenção do espectador, mas que também evidencia outro problema do roteiro: as abordagens rasas dos personagens. O enredo todo parece muito corrido e com o dinamismo e curto tempo de duração do filme, o público pode perceber que faltou lapidar algumas arestas da história para que a identificação dos personagens com o cão fosse maior.
Benji se marca como um bom divertimento para todos os cinéfilos que estavam com saudades de se emocionar com um “filme de cachorro”. A presença de interpretações ordinárias dos atores e dos problemas básicos de roteiro não parecem comprometer tanto a mensagem e o resultado do filme, que nada mais busca do que divertir e emocionar seu público. Um filme que não chega nem perto de ser memorável, e nem pretende isso. Bem abaixo do original, mas ainda interessante.
FICHA TÉCNICA
Direção e Roteiro: Brandon Camp
Elenco: Kiele Sanchez, Gabriel Bateman, Darby Camp, Will Rothhaar, Angus Sampson, Jerod Haynes
Produção: Jason Blum, Brandon Camp
Fotografia: Thomas Scott Stanton
Montagem: Carsten Kurpanek
Gênero: Aventura
Duração: 87 min.