Crítica: Beyond Skyline

Crítica: Beyond Skyline

Sequência de Skyline – A Invasão é completamente descerebrada, para a sorte do público

Imagem do filme Beyond Skyline

Lá atrás em 2010, os artistas de efeitos visuais Colin e Greg Strause ficaram moderadamente conhecidos por dirigir um pequeno grande filme (ruim). Esse era Skyline – A Invasão, que com um orçamento de apenas $10 milhões entregava efeitos de computação caprichados. No entanto estavam a anos luz de todos os outros aspectos, como as péssimas atuações (nem mesmo Donald Faison, o Turk de Scrubs, estava a salvo) e o confinamento duvidoso a um conjunto de apartamentos, dando ao longa um aspecto de filme caseiro.

Portanto, quem diria que, 8 anos depois, alguém pensaria ser uma boa ideia resgatar a marca Skyline e cruzá-la com o carisma de Frank Grillo (Wheelman) e as habilidades marciais de Iko Uwais (Operação Invasão)? E mais: quem diria que o resultado seria tão divertido quanto Beyond Skyline?

Com um título tão genérico que poderia estar embalado em tarja amarela, Beyond Skyline é praticamente uma reformulação da invasão alienígena do longa original. Os únicos detalhes importantes resgatados são: a luz azulada que os alienígenas usam para atrair suas vítimas e a que os cérebros das mesmas são sugados e depois implantados em seu exército, o que vez ou outra resulta em aliens com consciência humana (e olhos vermelhos para, ahem, diferenciá-los). Há também o resgate de uma das tramas do filme anterior – isto é, caso você ainda se lembre. Beyond Skyline parece idiota e é.

Por isso mesmo, o filme proporciona um alto nível de entretenimento, reapresentando os conceitos descritos acima da maneira mais descerebrada (pun intended) imaginável. Seus personagens, por sua vez, são introduzidos rapidamente: Frank Grillo, carismático como sempre, é um policial durão que procura reconciliação com o filho problemático; Iko Uwais é… um rebelde indonésio que luta contra a milícia local e posteriormente os aliens; Bojana Novakovic é uma operadora do metrô que… quer saber, na verdade não há desenvolvimento de personagens que se note, então essas informações são tão inúteis para o espectador quanto são para os próprios roteiristas e vocês, leitores.

Basta ver 30 minutos do filme para perceber o quão alucinada a ação será. Apenas nessa janela de tempo vemos: Los Angeles (ou era Chicago?) sendo invadida e seus habitantes abduzidos; uma explosão que destrói a cidade mas convenientemente não é grande o bastante para matar os heróis; o interior de uma nave alienígena onde fetos humanos crescem aceleradamente; uma luta de aliens contra aliens contra humanos e um tentáculo gigante – e isso que Beyond Skyline nem chegou às artes marciais ainda!

Quando o personagem de Uwais entra na trama e segundos depois troca socos com Grillo, parece haver um lapso de lógica. Já falei que ao mesmo tempo vemos um bebê que se torna criança dentro de minutos? Assistir ao filme, portanto, dá ao espectador a impressão de estar sofrendo de um severo déficit de atenção. Até admito que está bem difícil lembrar dos “quens”, “ondes”, “comos” e porquês do enredo, que passa freneticamente de uma situação absurda a outra ainda mais. É como se o próprio roteirista tivesse seu cérebro sugado e fizesse o mesmo com quem assiste.

No entanto, isso não é de todo ruim: Liam O’Donnell, roteirista desse e do original, assume a cadeira do diretor desta vez e comprova um maior talento atrás das câmeras do que na escrita. Responsável pelos efeitos digitais de filmes como Homem de Ferro 2, O’Donnell sabe fazer bom uso deles – quando o orçamento permite. Devido às óbvias limitações financeiras (o filme custou $20 mi, o dobro do original), Beyond Skyline eventualmente adentra o território da “tosqueira”, em especial no decepcionante ato final, que não faz o uso esperado das habilidades marciais de Grillo e Uwais (e nem de Yayan Ruhian, o temível Mad Dog de Operação Invasão).  A falta de sanidade ainda assim é admirável.

Se uma distração inofensiva é o que procura, Beyond Skyline serve a esse propósito, movendo-se rápido o bastante para que o espectador mais exigente não fique alienado (no pun intended) por sua completa estupidez. Ao menos nesse caso, a asneira sabe que é asneira e nem mesmo os créditos finais se levam a sério. Divirtam-se!

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.