Crítica: Brightburn – Filho das Trevas

Crítica: Brightburn – Filho das Trevas

Um mal sem raízes

Brightburn – Filho das Trevas tenta unir dois dos gêneros mais populares da Hollywood atual: o terror e os filmes de super-heróis. A premissa é imaginar uma realidade na qual um bebê vindo de outro planeta aterrisa numa cidade do interior e é adotado por uma família humana (referência direta à origem de Superman), mas, em vez de se tornar um guardião da humanidade, se revela um vilão impiedoso.

A mitologia do longa para por aí. O roteiro escrito por Brian Gunn e Mark Gunn (respectivamente primo e irmão de James Gunn, diretor de Guardiões da Galáxia, que aqui desempenha a função de produtor) não desenvolve as origens do jovem protagonista Brandon Breyer (Jackson A. Dunn) e tampouco o humaniza. Pelo contrário, assim que a trama começa, no aniversário de 12 anos do garoto, ele já passa a atacar qualquer um que o contrarie, sem aparentar remorso.

É de se estranhar o fato de Brandon ter vivido uma década na Terra e, de uma hora para outra, começar a agir como um psicopata mirim. O filme não deixa claro se anteriormente ele já dava sinais deste comportamento ou como este mal enraizado encontrou uma brecha para vir à tona, já que tudo é repentino demais.

Uma breve discussão com o pai por conta de poder ou não ter uma arma em casa e uma cena em que é provocado pelos colegas na sala de aula sugerem o gatilho, mas falar do assunto em tempos de adolescentes provocando massacres em escolas no mundo real exige um pouco mais de responsabilidade.

Em comum com as histórias de super-heróis, há apenas o fato do personagem ter poderes como a força para levantar qualquer peso e a habilidade de voar, além de desenvolver um logo próprio (que se assemelha de forma bizarra ao ícone de Bluetooth encontrado em qualquer celular) e usar uma máscara. Não existe objetivo ou motivação, apenas a violência banalizada.

Desta forma, Brightburn se aproxima mais dos filmes em que crianças são capazes dos atos mais terríveis, como Anjo Malvado, A Profecia ou o recente Maligno, mas sem oferecer nada de particularmente novo no assunto. Estão ali Sustos e sangue em profusão, com direito à fratura exposta da mandíbula de um dos personagens, mas tudo soa gratuito.

Nos papéis dos pais do protagonista, David Denman e Elizabeth Banks são pouco mais do que rascunhos ambulantes. Ele interpreta o pai que não hesita em ver o filho como ameaça assim que as tragédias ao redor começam a acontecer, ela a mãe superprotetora em permanente negação – assim como devem estar os responsáveis por lançar no cinema essa autêntica bomba.

Diego Olivares

Crítico de cinema, roteirista e diretor. Pós-graduado em Jornalismo Cultural. Além do Cinematecando, é colunista do Yahoo! Brasil