Crítica: Call of Duty – WWII
Call of Duty: WWII é uma volta à forma para a consagrada franquia.
Não há dúvidas de que Call of Duty, desde o início dos anos 2000, sempre foi uma das maiores franquias de games do mundo, e provavelmente continuará sendo por muitos e muitos anos. O maior diferencial de Call Of Duty: WWII em comparação com os últimos jogos da franquia é que o game abandonou sua obsessão pela abordagem futurista e optou por contar uma bela história que se reflete na maior guerra da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. E o resultado disso foi extremamente positivo em minha opinião, pois o tratamento distópico de um jogo consegue até impressionar devido ao desconhecimento do jogador, mas quando a atmosfera é de um ambiente/período conhecido e temido por todos nós, o potencial de realismo e imersão que o game possui será sempre maior e mais efetivo.
Pode parecer algo já “manjado” e cansativo jogar um shooter em primeira pessoa passado durante a Segunda Guerra Mundial, mas essa impressão fica logo de lado a partir do momento que nos deparamos com as cenas iniciais do jogo, acompanhando os soldados americanos no Dia D, no qual o exército americano entrou de fato na guerra, tentando recuperar a França dos nazistas nas praias da Normandia. Inclusive essa cena nos remete à primeira (e mais difícil) cena do clássico Medal of Honor: Frontline (2002).
Além disso, desculpem-me os saudosistas, mas me sinto obrigado a ressaltar o fato de que WWII traz uma visão bem mais real do período histórico, e acredite, não é apenas por conta da sua qualidade gráfica espetacular, mas sim através de imagens fortes e uma precisão sonora que só estimulam o mergulho do jogador dentro da guerra. Na narrativa, além de acompanharmos um panorama geral das ações de um esquadrão de 1944 a 1945 no campo de batalha europeu, criamos empatia com os soldados e com o enredo.
O roteiro da campanha é simples, mas muito convincente. Além dos diálogos cheios de ironia, que misturam momentos cômicos e dramáticos entre os personagens, o jogador pode acompanhar uma história paralela e direcionada, a de seu protagonista Ronald “Red” Daniels, quem o jogador controla na maior (e mais marcante) parte do tempo. Sua relação com seu irmão, a vontade de voltar para sua mulher e a empatia por seus amigos, tudo isso acrescenta muito à história, e faz de WWII mais um jogo eletrônico que se equilibra na linha tênue que divide o cinema e os games. E digo isso não somente pelos elementos da narrativa, mas também por conta dos enquadramentos, cortes e toda linguagem audiovisual contida nas cutscenes.
Em termos de jogabilidade, o jogo volta a ser objetivo e dispensa tecnologias avançadas de seus soldados, o que ao meu ver torna tudo mais divertido, desafiador e portanto prazeroso. Outra mudança do jogo, é o fato do jogador poder pedir por munição e kits médicos para seu companheiros de equipe, o que é bem interessante e prático. E se os jogadores mais implicantes se incomodarem com a vasta quantidade de kits médicos à disposição, devo dizer que é mais justo e aceitável que uma vida que se regenera do nada após um tempo. A engine do game não foge tanto dos padrões, e consegue agradar tanto os já amantes de FPS (first-person shooter), quanto os iniciantes, que não conhecem muito de jogos de guerra mas buscam se aprofundar.
Com um design inventivo (que explora bem a destruição e disposição dos cenários) de Glen Schofield e Michael Condrey, uma trilha musical enérgica e agradável composta por Wilbert Roget II, e uma direção caprichosa de Bret Robbins e Dennis Adams, Call Of Duty: WWII é uma volta à forma da franquia à Segunda Guerra Mundial, algo que não é explorado há quase 10 anos, desde Call Of Duty: World at War (2008). Seja no modo campanha ou no multiplayer, WWII é um game para ser apreciado com todos os sentidos. Qualquer cinéfilo que tenha se impressionado com a imersão de uma guerra causada pelo filme Dunkirk (2017) deveria ter a chance de jogar esse jogo. Não há espaço para arrependimentos, principalmente porque o jogo já ocupa muito espaço na memória do seu videogame ou computador (risos).
Trailer
FICHA TÉCNICA
Desenvolvedora: Sledgehammer Games
Editora: Activision
Diretores: Bret Robbins, Dennis Adams
Designers: Glen Schofield, Michael Condrey
Artista: Joe Salud
Elenco: Josh Duhamel, Jonathan Tucker, Jeffrey Pierce, Brett Zimmerman, Kevin Coubal, Jeff Schine, Matt Riedy, Bella Dayne, Lilith Max, Aleksandra Jade
Música: Wilbert Roget II
Plataformas: Microsoft Windows, Playstation 4, Xbox One
Gênero: Ação / Guerra em First-Person Shooter (FPS)