Crítica: Han Solo – Uma História Star Wars
Mesmo não sendo tão consistente quanto Rogue One, novo derivado de Star Wars acerta no tom ao contar história do contrabandista mais querido da saga
É difícil entrar em uma sala de cinema sem qualquer expectativa com relação a um novo filme da saga Star Wars, por mais que ele não faça parte do cânone principal e não envolva a família Skywalker. Porém, assim como aconteceu com Rogue One, que surpreendeu até mesmo os mais céticos com uma história consistente sobre a guerra contra o Império, o filme solo de Han… er, Solo, nos apresenta mais camadas bem exploradas em locais diferentes naquela galáxia muito, muito distante. O novo derivado Star Wars novamente é pautado pela guerra, mas aqui com um intuito diferente: o de contar ao público como Han se tornou Solo.
Alden Ehrenreich dá vida ao contrabandista de bom coração com um feeling certeiro, nos fazendo crer desde o princípio que aquele jovem é, sem dúvidas, o personagem eternizado por Harrison Ford. A atitude, a pose e o tom sagaz em sua fala denunciam o excelente trabalho do ator de 28 anos – que fez muitos torcerem o nariz após o anúncio do elenco (a redatora se inclui aqui). Seria ele capaz de fazer jus a tudo o que Han Solo representa? Ehrenreich prova que sim, e faz isso de maneira que pode tranquilizar até mesmo o espectador mais zeloso com o que Ford fez na trilogia original.
O tom do filme de Ron Howard viaja dentro do drama da guerra, da necessidade em ser alguém maior do que estava destinado a ser e de como nossas escolhas nos moldam para sempre. Não apenas Han como também Tobias Beckett (Woody Harrelson) e Qi’Ra (Emilia Clarke, muito bem em um papel que a tira da atmosfera de Game of Thrones) apresentam gradações interessantes e que se conectam bem com a trama principal. O grande foco da história é nos mostrar a razão pela qual o protagonista demonstra dificuldade em confiar nas pessoas, como vemos na trilogia original. Dito isso, fica claro que o diretor se concentrou nessa questão para construir uma história divertida, enérgica e ao mesmo tempo séria, mostrando o lado dos oprimidos no maior estilo Star Wars de ser.
O elenco, que também conta com Paul Betthany (ótimo na pele do vilão Dryden Vos), está bem entrosado e foi perfeitamente escalado. Donald Glover na pele de Lando Calrissian talvez seja o maior acerto seguido de Alden, pois também seguiu os passos de Billy Dee Williams e encarnou o personagem com a elegância necessária, apesar de não ter tanto tempo em tela. Além disso, finalmente sabemos como Han e Chewie se conheceram e se tornaram tão companheiros. Tal acontecimento entra naquela categoria de: “coisas que não sabíamos que precisávamos saber até saber”, e nem de longe isso é algo negativo!
O que antes era limitado a Tatooine, Naboo, Coruscant, Endor, Hoth e outros planetas em que foram travadas as principais histórias de Star Wars no cinema, hoje podemos conhecer na telona novos planetas e realidades. Em Solo: Uma História Star Wars, somos apresentados a Corellia, lar do protagonista, e Kessel, palco da história que fez o contrabandista e sua amada Millennium Falcon virarem lendas nos filmes da franquia. Tal acontecimento é um dos grandes marcos do longa e finalmente nos dá o gostinho de ver o famoso Percurso de Kessel “em menos de 12 parsecs”.
Precisávamos urgentemente de um filme sobre Han Solo para compor o universo Star Wars? Não, mas é impossível negar que ele é divertido. Bem amarrado e com direito a um cameo mais do que surpreendente, ele tem grandes méritos. Concordo que, com tantos personagens que poderiam ser abordados (como Obi-Wan Kenobi), o filme não era fundamental, mas ao mesmo tempo sinto que faria falta caso não existisse. O meio-termo até pode parecer confuso, mas uma história criada para dar a chance de conhecermos mais a fundo este personagem tão icônico já consegue conquistar meu apreço. Não é um filme primordial, mas é um filme que Han Solo merecia.