Crítica: Medo Viral

Crítica: Medo Viral

Terror é salada de referências sem nenhum tempero, feita para decepcionar os fãs do gênero

Imagem do filme 'Medo Viral'

Imagine juntar no mesmo balaio algo de Black Mirror, IT – A Coisa, a Samara (de O Chamado) um pouquinho mais acabadinha, o Ted (ele mesmo, o ursinho) possuído pelo Chucky e o Babadook? Pode parecer uma boa ideia, mas Medo Viral prova que não.

No filme dirigido pelos irmãos Vang, cinco amigos do Ensino Médio tentam superar a morte da amiga Nikki, quando recebem um convite pelo celular para acessarem um aplicativo misterioso.

O app, chamado Bedeviled, é um tipo de assistente virtual que parece bem amigável até aprender quais são os medos de seus usuários. E é aí que o pesadelo, teoricamente, começaria.

Assim como as referências, os clichês estão todos lá: a menina bonita do High School americano que precisa vencer o mal; o namorado fortinho; o menino que é bom em tecnologia; a amiga que tem inveja da amizade da protagonista com a pobre da Nikki, cujo rosto nem aparece direito; a velha aterrorizante.

E corredores, espelhos, corredores, vultos, música tensa, corredores, espelhos, música tensa.

O filme até tenta trazer algumas problematizações importantes, como o menino negro que tem medo de senhoras brancas (depois de tanto sofrer racismo) e nossa obsessão por estar sempre com os celulares nas mãos. Mas nenhuma abordagem original ou que extrapola a superficialidade que cabe em pouco mais de uma hora e meia de produção.

Sim, a gente entende que é muito difícil fazer algo novo no cinema, com mais de 22 mil filmes sendo produzidos por ano no mundo todo. Quem é fã de terror também sabe que para cada longa-metragem bom no gênero é preciso assistir a outros cinco muito (e, às vezes, MUITO!) ruins. A questão é que a safra tem sido boa: tivemos até o excelente Corra!, que concorreu ao Oscar de Melhor Filme em 2018. Então a cada novo lançamento, a esperança se renova e a decepção… Essa nunca falha!

Ainda pesa contra Medo Viral o fato de as atuações serem sofríveis, com um elenco que parece ter saído de uma rodada de suco no Gigabyte em um capítulo de Malhação.

Um filme que só merece a ida ao cinema se você tiver dinheiro sobrando, nenhuma expectativa ou menos de 14 anos (a classificação indicativa é 12, ufa!).

Leonor Macedo

Mãe de um adolescente e, enquanto não está discutindo com ele, escreve livro, roteiros, textos jornalísticos e diálogos toscos no whatsapp